O agronegócio brasileiro vem passando por uma severa crise, que atinge toda as cadeias do setor. Com isso, foi alto o número de inadimplentes em relação a fornecedores de insumos, o que criou um efeito cascata, com novas inadimplências e recorrentes pedidos de recuperação judicial ou extrajudicial.
Em Matão, interior paulista, a empresa Agrofito – referência em fornecimento de insumos agrícolas, com inúmeros clientes em todo o Brasil – também foi vítima de severa inadimplência. Somado a isso, fatores como queda nos preços das commodities, eventos climáticos imprevisíveis, altos custos de insumos e o acúmulo de estoques custaram o equilíbrio das contas e consequentemente, uma dívida estimada em R$ 250 milhões.
– “Foi uma situação causada por fatores externos, que custou o equilíbrio financeiro da empresa. Desde sua fundação, ainda em 1977, nós nunca havíamos enfrentado tão difícil situação”, explicou o proprietário Francisco Ricardo de Toledo.
Diante de tal cenário, a empresa buscou um escritório de advocacia especializado neste tipo de assunto. Lá, construíram em conjunto uma saída para o pagamento das dívidas, além da reestruturação econômica da companhia situada em Matão.
– “Nós sabemos que o setor do Agro apresenta muitos desafios. Se não é a seca, é a enchente; se não são os preços das commodities ou dos insumos, são os juros que tornam inviáveis projetos antes viáveis. Felizmente, temos uma equipe interna de gestores muito organizada e comprometida, o que nos permite ter todos os números em mãos e prever problemas com antecedência”, ressaltou o proprietário da empresa, Francisco Ricardo de Toledo.
Com os números em mãos e com os desafios jurídicos sendo equacionados para não comprometer a viabilidade de suas operações, a empresa passou a se reunir com credores para explicar a situação e propor formas alternativas de pagamento, além de opções de financiamento para fortalecer a operação. A maioria deles já aderiu ao plano, que aguarda homologação judicial após ter sido acolhido o pedido de processamento do plano, que ensejou a suspensão de todas as execuções ajuizadas contra a Agrofito.
– “É necessário formalizar esse processo na justiça para que haja uma ordem e para que a vontade da maioria dos credores seja respeitada. O plano precisa atender aos requisitos formais da lei e, uma vez cumpridos, o juiz procede à homologação, que equivale à aprovação e ao respaldo legal do plano. A partir desse momento, as regras do plano prevalecem para todos os credores listados nele, permitindo que a empresa se recupere”, explicou o advogado Ricardo Dosso, especialista em reestruturação de empresas e sócio do escritório Dosso Toledo Advogados.
De acordo com Dosso, cujo escritório conduz o pedido de homologação do plano da Agrofito, esse tipo de pedido tem se multiplicado no mundo do agronegócio. São inúmeros fatores que contribuem para os prejuízos, e não há outro caminho a não ser buscar a renegociação de dívidas. Foi o caso da Agrofito, que pretende honrar seus compromissos, reestruturando dívidas e fortalecendo os alicerces da empresa.
– “A lei prevê até 90 dias para a empresa reunir o apoio de mais de 50% dos credores ao plano. Em seguida, o juiz permitirá que os credores se manifestem nos 30 dias subsequentes, e a Agrofito poderá se manifestar no prazo de cinco dias. Finalmente, o juiz decidirá sobre a homologação do plano”, destacou o advogado.
De olho no futuro, o proprietário da empresa sabe que não há ponto final, mas apenas uma vírgula. Em seguida, será possível seguir desenhando lindas linhas verdes nos horizontes do Agronegócio no Brasil.
– “Sabemos que o elo mais frágil dessa grande corrente do agro é o distribuidor. Ele é quem obtém os menores resultados do setor, assume o maior risco e é responsável pela maior parte das transações de produtos ofertados ao produtor. Em nosso planejamento estratégico, prevemos um aumento nas vendas de produtos de especialidades, biológicos e de irrigação, além de serviços oferecidos diretamente ao produtor. Esses produtos e serviços, ao contrário dos defensivos químicos, têm crescido significativamente no mercado, trazendo mais rentabilidade e sustentabilidade para o setor”, finalizou o proprietário da empresa, Francisco Ricardo de Toledo.
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