Por Diego Nomiyama – advogado sócio no escritório Dosso Toledo Advogados
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a KPMG, uma das maiores empresas de auditoria do mundo, deverá pagar uma indenização milionária a um investidor lesado por fraudes contábeis em uma companhia auditada pela firma. A decisão, considerada um marco no mercado financeiro, reforça a responsabilidade das auditorias na fiscalização de balanços e na proteção dos investidores.
O caso envolve um investidor que adquiriu ações de uma empresa com base em relatórios auditados pela KPMG, que posteriormente se revelaram inconsistentes com a realidade da empresa auditada. Isso porque, houve a falência da companhia, causando a desvalorização dos papéis que haviam sido comprados pelo investidor. Por se sentir lesado, o investidor acionou a Justiça, alegando que a auditoria não identificou ou não comunicou irregularidades evidentes nos balanços da empresa.
O STJ entendeu que houve negligência da KPMG no cumprimento de sua função, destacando que auditorias possuem o dever de diligência e transparência para garantir a fidedignidade das informações financeiras prestadas ao mercado. A decisão abre precedente para a responsabilização de firmas de auditoria por prejuízos causados a investidores que confiam nos relatórios financeiros para tomar decisões.
O valor da indenização ainda não foi divulgado oficialmente, mas fontes próximas ao processo indicam que a quantia pode ultrapassar dezenas de milhões de reais.
Essa sentença pode impactar o setor, levando as auditorias a adotarem medidas ainda mais rigorosas na verificação de balanços, reduzindo riscos de fraudes e aumentando a segurança para investidores.
A decisão do STJ insere-se em um contexto global de maior escrutínio sobre auditorias e sua responsabilidade em escândalos financeiros, especialmente após casos como o da Enron, nos Estados Unidos, e mais recentemente, a implosão da Evergrande na China. No Brasil, reguladores e investidores acompanham de perto os desdobramentos, que podem influenciar futuras disputas judiciais e a regulação do setor.
Com essa recente decisão, o STJ estabelece um precedente importante para casos semelhantes, reforçando a necessidade de transparência e responsabilidade das auditorias no mercado financeiro brasileiro.