Após denúncia de irregularidades no preenchimento de um atestado médico entregue por servidor da Câmara Municipal, o presidente da Casa abriu procedimento interno para apurar o fato, e ao contrário do que foi noticiado em outros meios de comunicação, não houve registro de boletim de ocorrência pelo órgão.
O servidor Carlos Evangelista, analista legislativo, foi acusado de fornecer atestado médico falso ao entregar o documento ao departamento de recursos humanos da câmara. Segundo apurado, o atestado foi emitido em 17/02/2022 pelo médico Dr. Otávio França Silva, portador do CRM-DF 11.617, com duração de três dias, porém após verificação junto ao Conselho Federal de Medicina foi constatado que o profissional faleceu em julho de 2021. O presidente da Câmara Municipal, vereador Claudinei da Rocha (MDB) afirmou à reportagem que o caso está sendo acompanhado pelo Departamento Jurídico e que por enquanto as investigações permanecem em competência interna.
Carlos, servidor de carreira há muitos anos, concedeu entrevista exclusiva ao Portal Fato no Ato e esclareceu que foi atendido por um médico falso e que foi a única vez que utilizou a unidade de saúde de Brasília, mas que ficou surpreso com a descoberta pois o atendimento aconteceu em um pronto atendimento do governo. Ele informou que estava em viagem na cidade de Brasília, a passeio, quando então começou a se sentir mal com fortes dores abdominais e por isso se dirigiu ao posto de saúde onde teria sido atendido pelo falso médico e realizado diversos exames, que só vieram a constatar nos dias seguintes que o mesmo estaria com cálculos renais. Carlos afirmou estar tranquilo em relação ao caso, mas que registrará boletim de ocorrência pela falsa acusação de crime assim que retornar à cidade, já que o mesmo está de férias. De acordo com o servidor, o mesmo foi comunicado do problema um dia antes das suas férias, mas não imaginou que tomaria tamanhas proporções, tendo em vista que o mesmo possui exames que comprovam seu problema de saúde na época, como tomografia e atendimentos realizados pelo hospital francano que possui convênio médico.
Ele ainda afirmou que todas as suas prestações de contas estão aprovadas pelo controle interno da Câmara Municipal e pelo Tribunal de Contas, e que qualquer questionamento em relação a viagens realizadas deve primeiro levar em conta os resultados apresentados durante o exercício da função. Questionado se acredita que possa haver alguma perseguição política, ele disse que prefere não fazer nenhum juízo de valor ainda mas ressaltou que “essas coisas acontecem, infelizmente”, contudo disse que desconhece se todos os atestados médicos entregues pelos servidores são verificados junto ao Conselho Federal. Carlos ressaltou que ficou muito chateado com a situação e com a postura do RH da entidade que passou a informação adiante, que para ele seria “uma situação fácil de resolver”, pois o mesmo possui documentos que comprovam sua inocência, e agora tem que lidar com esses transtornos e a humilhação que está sofrendo.
Servidores que não quiseram se identificar disseram que não é a primeira vez que Carlos sofre situações semelhantes na Câmara Municipal e que a perseguição pode ser em função de uma denúncia realizada por ele. Um dos colegas ainda registrou que no ano passado foi aberto procedimento administrativo para apurar a conduta de quebra de sigilo de documentos pessoais dentro do órgão, mas que acabou sendo arquivado.