Por Ana Franco Toledo
Dentre os diversos temas discutidos na atualidade, a aplicação das novas tecnologias e a denominada “inteligência artificial” à prestação de serviços jurídicos é, sem dúvida, um assunto que gera muitas dúvidas e discussões.
A tecnologia com certeza pode ser utilizada para os advogados incrementarem a sua atuação, melhorando a gestão de seus escritórios e buscando o mais alto nível de satisfação de seus clientes.
A automatização de tarefas repetitivas e demoradas, como a organização de informações, a emissão de documentos padrão e cadastramento de clientes e dados processuais, permite que profissionais do direito concentrem-se em atividades mais estratégicas e analíticas.
Além disso, a tecnologia vem sendo utilizada cada vez mais para acessar e filtrar a vasta quantidade de informações jurídicas disponíveis, contribuindo para que o profissional encontre casos semelhantes àqueles sob os seus cuidados e a legislação, doutrina e jurisprudência a eles aplicáveis, contribuindo para que o advogado amplie seu repertório de conhecimento e construa argumentos sólidos para a condução dos casos, tanto na área consultiva, como no contencioso.
As plataformas de gerenciamento de casos e processos permitem aos advogados acompanhar o progresso de cada caso ou projeto, atribuir tarefas, compartilhar documentos com clientes e colaboradores, e manter um registro organizado de todas as informações relacionadas.
O processo digital, no Brasil, também contribuiu para que profissionais de diversas localidades do país tivessem acesso e pudessem atuar com mais agilidade e transparência em processos fora de sua área de atuação, além de acompanharem os recursos às instâncias superiores sem a obrigatoriedade de se deslocarem até as capitais e cidades maiores.
A tecnologia possibilita, ainda, a realização de audiências virtuais, reuniões e videoconferências, o que economiza tempo e recursos, além de facilitar a participação de partes e testemunhas que não podem comparecer pessoalmente. Claro, existem problemas também, como quando há pouco letramento das pessoas envolvidas em tecnologia, ou dificuldade de acesso à internet, mas até aqui, os benefícios têm superado os obstáculos e dificuldades.
O desenvolvimento de tecnologia de blockchain foi um grande avanço para garantir a autenticidade e a integridade de documentos legais, contratos e transações, reduzindo o risco de fraudes, e já é utilizada, por exemplo, pelos cartórios brasileiros, em celebração e assinatura de documentos públicos com validade e certificação digital, permitindo que pessoas que estejam fora do cartório, em outra cidade ou até mesmo país, resolvam assuntos pendentes de maneira transparente, segura e eficaz.
O uso da tecnologia traz preocupações quanto à proteção de informações confidenciais, o que é crucial no direito. Tecnologias avançadas de segurança ajudam a garantir a privacidade e a confidencialidade das informações dos clientes.
À frente de toda a tecnologia, no entanto, sempre estará o ser humano, ou seja, o profissional do direito e, o mais importante, o cliente. A experiência, o conhecimento sobre as leis, doutrinas e práticas, a vivência de situações concretas do dia-a-dia da advocacia, o conhecimento do ramo de atuação do cliente e especialmente, a escuta atenta e respeitosa que o advogado deve ter com seu cliente, em busca da sua defesa e das melhores soluções para as suas questões, são essenciais para que se possa aplicar a tecnologia para incrementar esta relação pessoal e de confiança entre o advogado e seu cliente.