Um homem de 71 anos morreu em Campo Grande com suspeita de infecção por mucormicose, doença rara conhecida popularmente como “fungo negro”. Ele testou positivo para a covid-19 em 18 de maio, mesmo após ter recebido as duas doses da vacina contra a doença e tinha diabetes e hipertensão arterial — por causa disso, estava sendo observado pelo serviço de Saúde do Mato Grosso.
https://52fa4e887938140f4b1506617f11fda3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html O boletim médico informou que o idoso apresentou mucormicose no olho esquerdo, com ferida intensa na região da pálpebra e “lesão necrótica superior poupando a borda, apresentando quemose conjuntival sanguinolenta e úlcera corneana’’. Além dessa morte, outros dois casos da enfermidade estão sendo investigados.
Um deles é um homem de 52 anos, de Joinville (SC), internado com infecção pelo novo coronavírus em um hospital particular da cidade, em março, que teve alta em abril. Porém, em função da fraqueza generalizada relacionada à covid, desenvolveu uma complicação metabólica chamada cetoacidose diabética — caracterizada por fatores relacionados à diabetes, condição de risco para a mucormicose.
Outro é o de um paciente de 39 anos internado com covid no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Teve um quadro moderado da enfermidade, é jovem e não apresenta comorbidades associadas ao fungo negro, como diabetes e doenças onco-hematológicas.
A doença ganhou as manchetes nos últimos dias por causa da explosão de casos na Índia. Trata-se de uma infecção não-transmissível rara, causada pela exposição do mofo mucoso, que é comumente encontrado no solo, plantas, esterco, frutas e vegetais em decomposição. Atinge os tecidos da face, como nariz e olhos, podendo levar à paralisia ou à necrose. Em casos mais graves, é fatal. Pacientes vulneráveis por conta do tratamento contra o novo coronavírus têm chances maiores de serem infectados.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, de janeiro de 2018 até hoje foram registrados 137 casos da doença no Brasil. Em 2019, houve o maior número de registros — 47 casos. Em 2018 e 2020, foram apontados, respectivamente, 25 e 36 casos. Este ano, foram anotados, até o momento, 29 casos, dos quais quatro foram após infecção por covid-19 e ocorreram em Araguaína (PA), Fortaleza, Natal e São Paulo.
O pediatra e infectologista Marcelo Otsuka explicou que as pessoas com comprometimentos imunológicos são as mais vulneráveis ao fungo. “Acontece majoritariamente em pacientes imunossuprimidos, pacientes oncológicos ou que usam altas doses de corticóide. Esses tratamentos comprometem a resposta imune”, explicou, acrescentando que o fungo é letal.
Correio Braziliense
Foto: AFP/Miguel Schincariol