Após noticiado pelo Portal de Notícias Fato no Ato, a Sociedade Organizada apurou a depredação e abandono do prédio que já abrigou o campus da UNESP e atualmente estava em uso por cerca de nove secretarias do governo do estado de São Paulo. O prédio foi cedido ao governo estadual em 2010 pelo prazo de vinte anos, sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), que alocou diversos órgãos estaduais como o posto fiscal da receita, banco do povo, defesa civil, defensoria pública e até o posto de atendimento ao trabalhador da prefeitura municipal. Em abril de 2021 o governo comunicou a intenção de rescindir o contrato, quando então a direção da universidade apresentou um projeto de restauração a lideranças políticas, sociais e empresariais, estimado em R$ 12 milhões, mas cujos recursos a instituição ainda não possui para início das obras, por isso propôs uma parceria tripartite entre governo estadual, municipal e iniciativa privada.
A direção da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Unesp de Franca emitiu comunicado oficial informando que assim que tomou conhecimento da rescisão do contrato, por parte do governo, dez anos antes do acordado tem tomado todas as medidas para viabilizar a restauração do prédio, incluindo reuniões com o ex-governador João Dória (PSDB), o Secretário de Desenvolvimento Regional Marco Vinholi (PSDB) e o prefeito Alexandre Ferreira (MDB), além de alguns vereadores e lideranças da cidade. O projeto está parado na secretaria de desenvolvimento aguardando pareceres técnicos e em face da demora a faculdade tem estudado a possibilidade de abrir licitação para concessão da exploração do edifício, respeitando o tombamento e mantendo suas características estruturais.
Como ainda há bens móveis da administração estadual no local e atrasos no pagamento das contas de água e luz, ainda não se considera como devolvido o prédio, permanecendo sob a responsabilidade do governo do estado.
A faculdade também questionou o laudo de vistoria, alegando consertos necessários por parte do governo. Após a depredação o governo do estado deverá obrigatoriamente restaurar o que fora destruído durante a sua posse, até a entrega formal do prédio, portanto, a segurança do local e da capela centenária é de total responsabilidade do governo do estado de São Paulo, podendo incorrer secretários e demais responsáveis em crime de responsabilidade contra a administração pública.
O prédio foi sede da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Franca em meados de 1967, o Colégio Nossa Senhora de Lourdes em 1888, e por isso foi tombado pelo CONDEPHAT Municipal em 1997, considerando-o patrimônio histórico municipal.
A Sociedade Organizada registrou a situação do local e verificou que o prédio corre risco de incêndio, pois usuários de droga estão acendendo fogareiros sobre o assoalho de madeira e todas as mangueiras de incêndio foram cortadas. Foi constatado que há caixas empilhadas com materiais inflamáveis no local, colchões e galões espalhados com produtos químicos. Também foi apurado o abandono de inúmeros móveis em bom estado, sendo armários, cadeiras, mesas, ventiladores e ar condicionado. Apenas a capela não foi invadida até o momento, entretanto a Sociedade Organizada comunicou a Diocese de Franca sobre o ocorrido visando proteger as imagens e o local. De acordo com relatos dos funcionários o governo do estado retirou a segurança em 2021 por entender que R$ 550.000,00 anuais para resguardar um patrimônio público com 13 mil m² de área construída seria desperdício.