Desde que lançou o single “Amor Rural”, em 2019, o cantor Gabeu, um dos nomes atuais do queernejo, movimento musical que traz a representatividade da comunidade LGBTQIA+ para o sertanejo, encontrou uma forma de unir sua paixão pelo ritmo musical com temas mais próximos de sua realidade que não era retratada em canções do gênero.
Filho do cantor Solimões, que faz dupla com Rionegro, Gabeu acaba de conceder entrevista à revista Quem, onde fala de sua carreira, da opção pelo gênero musical, de como lida com a homofobia de parte do público mais conservador que curte o ritmo musical, e do apoio que tem do próprio pai, dentre outros assuntos.
Acompanhe o que disse Gabeu à revista Quem
“Vamo assumir o nosso amor rural. Sai desse armário e vem pro meu curral”, canta Gabeu, um dos nomes atuais do queernejo, movimento musical que traz a representatividade da comunidade LGBTQIA+ para o sertanejo. O jovem, que é filho do cantor Solimões, começou a cantar profissionalmente em 2019, após lançar o single Amor Rural, uma forma que encontrou de unir sua paixão pelo ritmo musical com temas mais próximos de sua realidade que não era retratada em canções do gênero.
“Sempre me senti muito deslocado no meio sertanejo, apesar dele fazer parte da minha história. Tinha a questão de visão de mundo. Mesmo gostando muito da musicalidade, me sentia deslocado. Na minha descoberta artística surgiu essa ideia de fazer o queernejo. Pensei: ‘É uma caminho arriscado e que talvez nem dê certo, mas acho que vai ser verdadeiro e fazer sentido para mim’. Uni coisas muito fortes para mim, o fato de ser gay e caipira”, relembra, que acaba de lançar Cowboy Fora da Lei.
Ao mesmo tempo em que ainda lida com a homofobia de parte do público mais conservador que curte o ritmo musical, Gabeu se orgulha de estar conseguindo fazer com que pautas das minorias sejam ouvidas por pessoas que não tinham contato com o tema.
“Eu tenho feito todo esse meu trabalho para o público LGBT que é do interior, cresceu com o sertanejo a sua volta, mas nunca se sentiu pertencente a essa cultura. Mas o que vier além disso é ótimo. Fico realmente feliz se a pessoa se identificar de alguma forma com as músicas, seja pela estética, letra ou sonoridade nostálgica. Quero conseguir fazer isso mais vezes”, conta ele, sobre a canção lançada em 2019.
“Acabei alcançando um público tradicional do sertanejo, que não está acostumado a debater e dialogar sobre pautas das minorias. Muitos não gostaram, não entenderam, se revoltaram, acharam um absurdo. Mas tive uma resposta positiva também de algumas pessoas do público do sertanejo tradicional e de senhoras. Algumas gostam muito, se interessam muito pela estética, letras, deboche, pela veia cômica… Isso é muito bom porque de alguma forma, mesmo que minimamente, a gente está conseguindo furar um pouco a bolha.”
Foto: Divulgação/Cars/Uol