Na sessão ordinária desta terça-feira, 6, advogada Pâmela Salgado Stradiotti, e a munícipe Daiane Michele F. Bichil fizeram uso da Tribuna Livre da Câmara Municipal de Franca para tratar da questão da segurança pública.
Ambas representaram a família do sargento Ruliam Ricardo da Silva, policial militar morto a tiros dentro de um quartel da PM em São Paulo. O acusado pelo homicídio é o oficial da Polícia Militar Francisco Carlos Laroca Júnior.
“Eu venho aqui pedir apoio de vocês nobres vereadores para a nossa mensagem chegue até o secretário de segurança pública, ao governador Tarcísio, que já faz dois anos da tragédia da morte de que o sargento Ruliam foi tirado do seio da sua família”, disse a advogada.

Durante sua fala, Pâmela destacou que a investigação do caso ainda não foi concluída e apelou aos vereadores para que ajudem a pressionar por avanços no inquérito: “Sargento Ruliam era um exemplo de policial, com muitos feitos notórios aqui na cidade de Franca, nenhum ato que o desabone”.
A advogada defendeu a responsabilização dos envolvidos no assassinato e afirmou que o crime pode estar ligado à apreensão de máquinas caça-níqueis, possivelmente relacionadas a policiais militares da capital. Segundo ela, houve fraude no processo investigativo e o sargento foi morto de forma cruel, sem chance de se defender:
“Eu peço aos nobres vereadores apoio para que o nosso pedido chegue até as autoridades competentes”.
O vereador Gilson Pelizaro (PT) elogiou a coragem de Pâmela por expor o caso publicamente. Para ele, o governo estadual deve explicações não apenas à família, mas à sociedade francana como um todo:
“Essa resposta não é só para a família não, essa resposta é para a sociedade. Porque não pode encobertar uma situação deste nível, deste jeito. A impunidade não pode imperar. A família precisa ter os seus direitos garantidos de acordo com o que estabelece a constituição brasileira”, disse.
O vereador Leandro O Patriota (PL) também cobrou esclarecimentos das autoridades estaduais e pediu rigor nas investigações, destacando que tanto o governador quanto o secretário de segurança foram votados na cidade de Franca:
“Se tiver errado, não tem que passar pano para ninguém não. Se tiver errado, tem que cumprir a lei. Ele tem que fazer valer a autoridade dele”, disse o parlamentar.

Em sua fala emocionada, a irmã do sargento, Daiane, afirmou que a família seguirá lutando por justiça e exigiu saber os verdadeiros motivos da morte de Ruliam. “Eu quero pedir aos nobres que pudessem nos ajudar nesta busca por justiça”.
Ela também criticou o fato de que o acusado do homicídio estaria sendo promovido, apesar da gravidade do caso: “Isso é cruel de ver para todos nós, uma pessoa que tirou a vida de outra está subindo ainda de cargo”.
“Em nome de toda a minha família nós pedimos justiça pelo sargento Ruliam, que foi morto, dentro do alojamento, deitado na sua beliche, de pernas cruzadas, sem sequer pronto para atingir ninguém (…) então ele foi pego covardemente por outra pessoa”, desabafou.
Diante das falas, Gilson Pelizaro sugeriu que a Câmara oficie a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo: “Os deputados também precisam ter ciência do que está acontecendo neste caso e que a justiça não está sendo feita, então acho que é importante a assembleia de legislativa ter conhecimento através da comissão de segurança pública da assembleia e também dos direitos humanos”.
Leandro O Patriota reforçou a importância de usar os contatos políticos para dar suporte à família: “Vários vereadores aqui têm acesso com deputados estaduais, que a gente pode colocar vocês em contato com estes deputados, então vocês (família) podem contar com o nosso trabalho aqui, pode contar com esta Casa”.
A vereadora Marília Martins (PSOL) se solidarizou com a família do sargento Rulliam e criticou o corporativismo existente dentro da corporação da polícia militar.
“A polícia do estado de São Paulo é a segunda mais violenta do Brasil. Na verdade é a polícia que mais mata, que mais morre, muitos da corporação são os que mais adoecem, é de um sistema que não pode ter sequer um sindicato, fazer exigências de uma forma como um país democrático que vivemos, uma sociedade civil poderia. Eu tenho particularmente muitas críticas a esta forma, a este sistema, não à polícia como um todo, eu não generalizo também”, disse a vereadora, defendendo melhor preparo para os policiais.Ela ainda criticou atitudes da polícia militar do estado que, segundo sua avaliação, muitas vezes agem à margem da legalidade.