O ambiente corporativo moderno, com suas demandas crescentes por desempenho e resultados, tem se tornado um terreno fértil para o adoecimento mental dos trabalhadores. Dados recentes apontam para um aumento expressivo nos afastamentos por transtornos psicológicos, em especial a depressão, condição que já figura entre as principais causas de licença médica no Brasil e no mundo.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é hoje a principal causa de incapacidade laboral no planeta. Esse cenário impõe não apenas um desafio humano, mas também econômico: estima-se que empresas brasileiras percam bilhões de reais anualmente com a queda na produtividade, absenteísmo e rotatividade de funcionários.
Especialista em saúde mental e comportamento organizacional, a psicoterapeuta Teresa Lapaz explica que muitos ambientes de trabalho ainda negligenciam sinais claros de adoecimento emocional.
– “O burnout e a depressão são muitas vezes vistos como fraqueza ou falta de resiliência. Ainda há um estigma muito grande que impede que funcionários busquem ajuda, e empresas que não tratam a saúde mental como prioridade estratégica perdem em inovação, engajamento e resultados”, afirma Lapaz.
Lapaz ressalta que políticas de bem-estar não podem ser apenas campanhas pontuais:
– “Investir em programas de apoio psicológico, treinamento de lideranças para identificar sinais de sofrimento e flexibilização de rotinas são medidas que já se provaram eficazes.”
Apesar de algumas organizações estarem avançando em políticas de saúde mental, a realidade ainda é marcada por lacunas. Muitas iniciativas surgem apenas após crises ou por pressão de resultados negativos, e não como parte de uma cultura organizacional sólida.
– “O futuro do trabalho — saudável, produtivo e sustentável — depende do quanto empresas estão dispostas a enxergar seus colaboradores como seres humanos completos, com necessidades emocionais legítimas”, finalizou a profissional.