O Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve iniciar ainda essa semana a escolha dos nomes de seus futuros ministros e interlocutores de confiança para seu terceiro governo. Durante a campanha, ele se cercou de petistas antigos que devem ter espaço em sua gestão, como a deputada federal Gleisi Hoffmann e o ex-ministro Aloizio Mercadante.
Também deve acomodar novos e importantes aliados, como o vice Geraldo Alckmin e Márcio França ambos do (PSB), bem como a senadora Simone Tebet (MDB) que embarcou na campanha após ser derrotada no primeiro turno.
Lula reuniu uma grande aliança em torno do seu nome em todas as seis eleições que disputou: foram nove partidos (PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Agir), além de apoio do Pros e de parte do MDB e PSD já no primeiro turno. No segundo turno, somaram ainda PDT, Cidadania e outros integrantes do MDB.
Com a vitória, a conta chegou. O presidente eleito tem que acomodar candidatos que abriram mão de disputar o governo do estado, em nome de um projeto maior, como o ex-governador Márcio França (PSB), que concorreu ao Senado, e nomes que também abriram mão da reeleição em prol da campanha nacional, como o deputado federal Márcio Macêdo (PT-SE).
Ainda não se sabe quem vai ser ministro ou secretário, mas há muitas pessoas de olho numa cadeira em Brasília.
Novos aliados e o Congresso. Novos personagens que aderiram à candidatura de Lula terão grande importância na relação do governo com o Congresso Nacional. O primeiro é Geraldo Alckmin, eleito vice-presidente na chapa com o petista. Antes da eleição, o entorno do presidente já dizia que Alckmin não seria “vice decorativo”.
Mais do que isso, há expectativa de que o ex-governador de São Paulo assuma alguma secretaria ou até ministério ao longo do mandato. Isso já aconteceu antes no Brasil. José Alencar, que foi vice-presidente do Brasil durante os governos Lula, assumiu o Ministério da Defesa entre 2004 e 2006. O próprio Lula já havia falado sobre a possibilidade de Alckmin lidar com parlamentares durante a campanha eleitoral.
Simone Tebet é outro nome que assumiu papel de protagonismo na campanha de Lula na reta final, após anunciar apoio ao petista. Além de ajudar na relação com o Congresso, Tebet possui boas relações com empresários do agronegócio no Centro-Oeste, onde Lula não tem grande popularidade, ele perdeu em todos os estados no segundo turno. O nome de Tebet é cotado justamente para uma pasta que trabalhe na área do agronegócio. Também em entrevistas, Lula já elogiou a senadora e chegou a dizer que ela “pode exercer qualquer ministério”.
Os deputados eleitos Sônia Guajajara (PSOL-SP), Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Marina Silva (Rede-SP) devem permanecer em seus mandatos na Câmara para sustentar a base de apoio a Lula no Congresso. No entanto, devem participar da escolha para os ministérios do Meio Ambiente, Povos Originários e outro ministério eventualmente criado voltado para ações sociais. Marina Silva só não reassume o Meio Ambiente se não quiser, se isso acontecer, a escolha deve vir dela. Durante a campanha, Lula também prometeu recriar o Ministério da Cultura.
Lula deve ainda contar com outros políticos que já atuaram em seus governos e com quem ele mantém relação de confiança até hoje. São exemplos disso: O ex-prefeito Fernando Haddad (PT), ex-ministro da Educação, A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e O ex-ministro Aloizio Mercadante. Mercadante e Hoffmann são dois nomes já sugeridos para a Casa Civil, com foco nas relações institucionais da presidência com o Congresso.
Haddad, apesar da especialização na Educação, também é cogitado para o mesmo cargo. Mercadante ocupou três ministérios diferentes durante a gestão de Dilma Rousseff (PT): Educação, Casa Civil e Ciência, Tecnologia e Inovação. Gleisi também já ocupou a Casa Civil entre 2011 e 2014. Há outros políticos que devem ser indicados para o governo, mas ainda não se sabe para qual pasta. Entre eles, estão o ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), e Renan Filho (MDB), ex-governador de Alagoas e senador eleito. Devem ter espaço ainda Márcio França e o ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB).
Relações Internacionais. O nome do ex-ministro Celso Amorim é considerado para representar novamente o governo Lula nas relações internacionais. Amorim foi ministro das Relações Exteriores entre 2003 e 2010, na gestão Lula na presidência. Entre 2011 e 2015, também foi ministro da Defesa do governo Dilma. Amorim é presença frequente nas agendas de campanha de Lula e estava ao lado do presidente eleito no primeiro discurso feito ontem, após o anúncio do resultado. Aloizio Mercadante também citado para a pasta.
ECONÔMICA – Considerado um dos cargos mais importantes, a chefia da pasta que definirá a política econômica da nova gestão de Lula tem, por enquanto, dois candidatos: o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (União Brasil) e o economista Armínio Fraga. Meirelles foi presidente do BankBoston e presidente do Banco Central do Brasil durante os dois primeiros governos Lula. Em 2016, assumiu o Ministério da Fazenda no governo Michel Temer (2016-2018) e foi secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, entre 2019 e abril de 2022, nomeado pelo ex-governador João Doria (sem partido).
Em setembro, Meirelles anunciou que apoiaria Lula nestas eleições. Desde então, tem aparecido com frequência ao lado do petista e, em entrevistas e declarações públicas, tem falado sobre as medidas econômicas que podem ser adotadas pelo governo. “Nós vimos três governos Lula diferentes. O primeiro com responsabilidade fiscal. O segundo com algum alívio no lado fiscal e mais aberto às exigências políticas. O terceiro, não sendo presidente, mas com o apoio vindo de Lula, terminou em recessão. A questão principal agora é qual Lula terá lugar se ele de fato vencer.” Disse Henrique Meirelles, em entrevista em 19/10.
Já Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), adotou uma postura pouco mais distante da campanha em si, apesar de ter o nome ventilado internamente por ser visto como um quadro técnico importante e com trânsito no mercado financeiro. Ele anunciou voto em Lula no segundo turno e tem cobrado mais propostas econômicas do petista.
Fonte: Uol – Jornalistas Carla Araújo, Juliana Arreguy, Leonardo Martins e Lucas Borges Teixeira