Temos acompanhado com imensa tristeza e com o coração pesado a luta de um povo desamparado, que acaba por perder parte de sua identidade.
Alguns moradores mesmo ilhados resistem em deixar suas casas. Seria isso loucura? _ Afinal, a vida é mais preciosa do que qualquer bem material.
No entanto, é compreensível quando percebemos que deixar sua casa é também deixar para trás parte da sua história e de seus sonhos.
Parece que abrir mão de tudo que construíram na vida é como abrir a porta para a morte. Em breve, serão apenas lembranças e memórias que não existirão mais.
Aquele pequeno refúgio, seu lar, que escolheram para formar uma família, logo dará lugar a uma cidade fantasma. Como pode ser? Eu nasci aqui e vi meus filhos crescerem aqui.
Pessoas devastadas, não apenas pela força da natureza, mas também pelo estado emocional de serem forçadas a desistir e, assim como as águas, desviar das pedras em busca de um novo caminho.
“Os últimos dias não estão sendo fáceis, mas iremos sair dessa.”
Essas foram as palavras de um amigo gaúcho que na pele vive a dor de ver o seu Estado em baixo de águas tenebrosas.
O Rio Grande do Sul está passando pela pior catástrofe natural do país e, a nível mundial, tem sido comparado ao furacão Katrina, que em 2005 devastou 80% de Nova Orleans, a cidade mais populosa do estado norte-americano da Luisiana.
Na época, os ventos chegaram a mais de 280 km/h, causando grandes prejuízos na região litorânea do sul dos Estados Unidos, especialmente em Nova Orleans.
Foram mais de 1 milhão de pessoas evacuadas de suas casas, deixando um saldo de aproximadamente 1.800 mortes. Os danos contabilizaram cerca de 125 bilhões de dólares e levaram aproximadamente 10 anos para serem reconstruídos.
Mesmo após a tragédia, o país sofreu com a paralisação da extração de petróleo e gás natural e com o desemprego.
O que aconteceu em Nova Orleans serve de alerta quando relacionado às recentes enchentes do Rio Grande do Sul.
As enchentes, causadas por chuvas intensas e contínuas, já duram mais de uma semana.
Afetaram mais de 90% das cidades do Estado, ou seja, 450 dos 497 municípios. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas. Ainda não se sabe ao certo o número de mortes e estima-se mais de 600 mil desabrigados.
São cidades que perderam significativamente sua infraestrutura, incluindo a destruição de pontes e a inundação de bairros inteiros.
Em Jeremias 47, está escrito:
“Vejam como as águas estão subindo ao norte, elas se tornam uma torrente transbordante. Inundarão esta terra e tudo o que nela existe; as cidades e os seus habitantes. O povo clamará, gritarão todos os habitantes desta terra, ao estrondo dos cascos dos seus cavalos, ao barulho dos seus carros, e ao estrondo de suas rodas. Os pais não se voltam aos seus filhos dado ao enfraquecimento de suas mãos.”
Como Cristã, acredito na volta de Cristo e alguns sinais são claros para aqueles que creem. A dor e a perda são imensas, mas a fé nos dá força para continuar.
Acredito que, mesmo em meio à tempestade, há esperança e luz. Acredito que, juntos, podemos reconstruir e curar. Acredito que, mesmo em meio à devastação, há espaço para amor e compaixão.
A luta é dura, mas a esperança é mais forte. E é essa esperança que nos guiará através da tempestade. E seremos salvos em Cristo.