Um homem de 36 anos foi preso, na noite desta terça-feira (10), suspeito de participação no assalto ao carro-forte, ocorrido na véspera, na Rodovia Cândido Portinari, entre Restinga e Batatais. Roberto Marques Trovão Lafaeff foi procurar atendimento médico na cidade de Valinhos, região metropolitana de Campinas.
Segundo informações, a Polícia Militar foi acionada pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Valinhos. De acordo com o Boletim de Ocorrência (B.O.), o homem teria dito ao médico que sofreu um vergalhão—ferimento no pé— ao trabalhar em uma obra de construção civil. O médico suspeitou, pois o ferimento demonstrava ter sido causado por arma de fogo, mais especificamente por munição de fuzil.
Assim que a PM chegou à UPA, o homem estava com dois celulares e resetou ambos, mesmo enquanto era suturado no ferimento. Os PMs foram questionar o suspeito. Ele deu o endereço de uma obra, onde supostamente teria se ferido. Também disse que foi levado até a UPA em uma caminhonete. E havia outras contradições. O endereço da obra não conferiu.
Ao buscarem imagens, os PMs verificaram que o homem foi deixado na UPA por uma mulher que usava um Jeep Renegade. Além disso, ao ser transferido para a Santa Casa de Valinhos, por conta do ferimento, ele forneceu um RG com foto diferente da que consta no sistema Muralha Paulista, do Governo de São Paulo. Disse se chamar João Roberto Pereira Cavalcante.
Ele foi preso e ficou internado com escolta policial. Os dados foram repassados para a Polícia Civil na região de Ribeirão Preto, que investiga a ocorrência e a expectativa é que material genético seja encontrado na cena do crime para que ele siga preso durante as investigações.
Armamento de guerra
O repórter Alexandre Silva, do portal e rádio FNT, teve acesso, com exclusvidade, ao teor do inquérito policial e representação policial abertos na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Franca nesta quarta-feira, 11.
O investigado Roberto Marques Trovão Lafaeff, possuí extensa ficha criminal e já foi atuado em flagrante diversas vezes em razão do porte fuzis, munições e armamentos de guerra, sendo notadamente conhecido em sua região pelo envolvimento com roubos contra empresas de transportes de valores. Natural de São Caetano do Sul, o suspeito mora em Jundiai, onde se apresenta como empresário.
Em 2023, Roberto foi autuado três vezes em razão do crime previsto no artigo 16 da Lei 10.826/03, sendo flagrado com verdadeiro arsenal de guerra, no dia 5 de dezembro de 2023 em Jundiái.
Na ocasião, os policiais revistaram dois veículos e o imóvel onde Roberto residia. Ao encontrarem o arsenal os policiais indagaram o suspeito e o homem disse que o material bélico encontrado era do seu irmão Ricardo Marques Trovão Lafaeff, que não estava no prédio.
Considerando o mencionado histórico e a circunstância em que Roberto deu entrada em hospital de Valinhos com ferimento de arma de fogo e apresentando documentos falsos, numa clara indicação de que o criminoso foi um dos responsáveis pela explosão do carro forte da empresa PROTEGE ocorrida no dia 9 de setembro de 2024, no município de Restinga e objeto de investigação do presente Inquérito. A lesão no pé que ensejou a levada de Roberto até aquele nosocômio na cidade de Valinhos muito provavelmente ocorreu durante a troca de tiros que houve entre os criminosos e os policiais na cidade de Serra Azul, conforme Boletim de Ocorrência registrado, o delegado Gabriel Fernando Tomáz, da DIG de Franca, solicitou a prisão temporária por 30 dias e a remoção de Roberto para Franca à Justiça de Valinhos.
No fnal da manhã desta quarta-feira, uma equipe de investigadores chefiados pelo delegado Tomáz viajou até Valinhos, na região metropolitana de Campinas, com a expectativa de recambiar Roberto a Franca.
A tentativa de assalto
Na noite de segunda-feira (9), pelo menos 16 homens fortemente armados renderam um motorista de caminhão, atravessando o veículo na Rodovia Cândido Portinari (SP-334), sentido Franca-Ribeirão Preto e bloqueando o trânsito. Em seguida, o grupo emparelhou com um carro forte que da Protege, que vinha para Ribeirão Preto.
Usando armamento pesado, passaram a atirar contra o veículo, com munições calibres 556 e .50, armas de alto poder de destruição, inclusive capaz de atravessar blindagem de um carro-forte. Na ação, um vigilante da empresa de transporte de valores foi ferido com um tiro e outros dois com estilhaços. O motorista do carro-forte não sofreu ferimentos.
O carro começou a pegar fogo e os criminosos fugiram sem levar nada. Na fuga, em pelo menos três pontos distintos, houve troca de tiros com a PM. Num deles, o funcionário de uma usina foi ferido com gravidade na perna. Os três vigilantes e o funcionário da usina foram levados para hospitais de Franca.
O grupo conseguiu, através de estradas secundárias, chegar até a Rodovia Abrão Assed (SP-333), que liga Cajuru a Ribeirão Preto. Na altura de Serra Azul, nova troca de tiros. Um PM do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) foi ferido na perna com um tiro e levado para o Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência.
Os criminosos chegaram a usar até mesmo um giroflex para tentar fugir da PM. Numa das trocas de tiro, um dos veículos dos criminosos pegou fogo e eles fugiram em outro carro, conseguindo despistar os policiais. As investigações prosseguem e a suspeita é que sejam integrantes de um grupo que praticou outros assaltos a carros-fortes, novo cangaço e cidade dominada, ações que aterrorizam pela violência e ocorreram em diversos pontos do Brasil.