*Por Julia Guimarães Florim – advogada
Quando o assunto é aposentadoria, muitas dúvidas surgem, especialmente sobre a necessidade de contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Uma das perguntas mais comuns é: “É possível aposentar-se sem nunca ter contribuído ao INSS?” Neste artigo, vamos explorar essa questão em profundidade, desmistificando alguns equívocos e esclarecendo as possibilidades existentes no sistema previdenciário brasileiro.
A Contribuição ao INSS e o Direito à Aposentadoria
O INSS é a entidade responsável pela gestão das aposentadorias e benefícios sociais no Brasil. Para ter direito à aposentadoria, a maioria das modalidades requer um período mínimo de contribuição. Esse vínculo com o INSS é fundamental, pois a contribuição mensal ao sistema previdenciário é o que garante, no futuro, o direito à aposentadoria.
A Aposentadoria Contributiva
A aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição, por exemplo, exige que o trabalhador tenha contribuído por um período mínimo ao INSS. Para a aposentadoria por idade, é necessário que o trabalhador tenha pelo menos 15 anos de contribuição (carência) e atenda ao requisito etário: 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, com algumas variações dependendo do caso específico (como trabalhadores rurais). Já a aposentadoria por tempo de contribuição, que atualmente foi substituída por outras regras após a Reforma da Previdência de 2019, exigia que o segurado tivesse 35 anos de contribuição (homens) ou 30 anos (mulheres).
E quem nunca contribuiu ao INSS?
Para pessoas que nunca contribuíram ao INSS, NÃO é possível obter uma aposentadoria regular baseada no sistema contributivo. No entanto, existem outras formas de proteção social que podem ser acessadas por esses indivíduos, desde que preencham determinados requisitos.
Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), também conhecido como LOAS, é um benefício assistencial garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social. Este benefício não é uma aposentadoria, mas é uma ajuda financeira mensal no valor de um salário mínimo, destinada a idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de qualquer idade que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
Para ter direito ao BPC, o requerente deve comprovar que a renda per capita familiar é inferior a 1/4 do salário mínimo vigente. É importante ressaltar que, diferente da aposentadoria, o BPC não gera 13º salário e não é vitalício, podendo ser revisto pelo INSS.
Planejamento Previdenciário: A Importância de Contribuir
Embora o BPC seja uma importante medida de proteção social, ele possui limitações em comparação à aposentadoria regular, especialmente em termos de valores e garantias. Para quem ainda está em idade ativa e nunca contribuiu ao INSS, é altamente recomendável iniciar um planejamento previdenciário o quanto antes. Contribuir ao INSS garante, no futuro, acesso a uma aposentadoria que pode ser mais vantajosa e segura.
Existem diferentes formas de contribuir, como o contribuinte individual, facultativo ou microempreendedor individual (MEI), que permite que autônomos e pequenos empreendedores formalizem suas atividades e garantam a proteção previdenciária.
Conclusão
A aposentadoria sem nunca ter contribuído ao INSS, no sentido estrito, não é possível. Porém, existem alternativas assistenciais, como o BPC, que podem amparar idosos ou pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade. Para aqueles que estão em idade ativa e ainda não começaram a contribuir, o planejamento previdenciário é crucial para garantir uma aposentadoria mais tranquila e segura.
Se você tem dúvidas sobre como planejar sua aposentadoria ou precisa de orientação sobre os benefícios assistenciais, procure um advogado especializado em Direito Previdenciário. A prevenção e o planejamento são as melhores formas de assegurar um futuro financeiro estável.
*Dra. Julia Guimarães Florim é advogada especializada em Direito Previdenciário, com vasta experiência em planejamento de aposentadoria e benefícios do INSS. Atua na defesa dos direitos dos segurados e na orientação sobre os melhores caminhos para garantir uma aposentadoria segura e digna.