Por Gianlucca Contiero Murari – advogado
O ESG (Environmental, Social and Governance) é um conjunto de critérios que avalia o desempenho das empresas em relação à sustentabilidade ambiental, social e à governança corporativa. Esses critérios são cada vez mais valorizados pelo mercado, pelos consumidores e pelos investidores, que buscam empresas responsáveis e transparentes. Porém, nem todas as empresas cumprem as normas de ESG, e isso pode trazer consequências negativas para elas e para as suas parceiras.
Um exemplo disso foi a identificação de trabalho análogo à escravidão e trabalho infantil em importantes e expressivas vinícolas e fazendas brasileiras, que forneciam produtos para grandes empresas internacionais, como a Starbucks. Essas empresas possuíam a certificação de boas práticas chamada “C.A.F.E. Practices”, da Starbucks, que demonstra, em tese, que elas são transparentes, oferecem qualidade e atuam com responsabilidade social e ambiental. Contudo, a fiscalização do Ministério Público do Trabalho flagrou as irregularidades trabalhistas e multou as empresas envolvidas. Dessa forma, a reputação e o valor de mercado das empresas foram afetados, mesmo que a Starbucks não tivesse participação direta nas práticas ilícitas.
Por isso, é importante que os empresários e as empresas, mesmo as menores, fiscalizem com pulso firme e regularidade as empresas parceiras com quem fazem negócios. Além disso, é importante que as empresas busquem conhecer a fundo, fazendo visitas, buscando de forma ativa em registros públicos, se seus parceiros de negócio são alinhados com a agenda de ESG. Essas medidas podem trazer benefícios para as empresas, como maior confiança, credibilidade, competitividade e lucratividade.
Portanto, para as empresas que se preocupam com a sustentabilidade ambiental, social e a governança corporativa, não basta respeitar as exigências legais e as recomendações neste sentido, é importante adotar uma postura ativa também na escolha de parceiros e na opção por encerrar parcerias com empresas que não as obedeçam.
Diante disso, sugerimos que as empresas criem um código de conduta de ESG, que estabeleça os requisitos mínimos para os seus fornecedores e parceiros, e que promova o diálogo e a divulgação de boas práticas para eles. Além disso, as empresas devem comunicar aos seus stakeholders os benefícios de só negociar com empresas que respeitam o ESG, e rescindir os contratos além de denunciar as que violam as normas. Assim, as empresas poderão contribuir para um desenvolvimento mais sustentável e ético.