A Polícia Federal prendeu prendeu na tarde de ontem (23), o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, 30 anos, acusado de destruir o relógio de Dom João VI, no Palácio do Planalto, durante uma invasão à sede do Poder Executivo, em 8 de janeiro.
Ferreira foi levado para a delegacia da PF em Uberlândia, onde o homem morava provisoriamente, após se mudar de Goiânia (GO) para a cidade mineira recentemente. Ele era considerado foragido pela polícia desde o ato de vandalismo, e vai permanecer preso na cidade mineira.
Apesar das investigações sobre os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes serem conduzidas pela PF, a Polícia Civil de Goiás informou que recebeu informações anônimas sobre o paradeiro de Ferreira. Vizinhos e familiares passaram dados relevantes para os agentes, que chegaram a Ferreira. Ele tem passagens pela polícia por tráfico de drogas, em 2017, e por receptação, em 2014, mas os processos foram arquivados. Nas imagens gravadas, pelas câmeras de segurança, ele aparece vestindo uma camiseta com o rosto de Bolsonaro.
O homem é acusado de destruir um relógio histórico, trazido ao Brasil em 1808 por Dom João VI, durante os atos do dia 8/1. A prisão preventiva foi solicitada pela PF e autorizada pelo STF no âmbito da Operação Lesa Pátria.
Antônio Cláudio será interrogado na delegacia da PF e passará por audiência de custódia, para depois ser encaminhado ao sistema prisional. A polícia continua investigando as pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os fatos ocorridos em 8/1.
A PF esclareceu que o foragido foi identificado por meio de reconhecimento facial, e que através de imagens de rodovias e depoimentos conseguiram chegar ao paradeiro dele em Uberlândia (MG). Com as imagens exibidas pelo Fantástico da TV Globo, a polícia passou a receber diversas denúncias anônimas sobre a identidade do procurado.
Ao checar as informações, investigadores levantaram dados de um veículo de propriedade do investigado e vasculharam registros de câmeras de rodovias, cujo banco de dados apontou que o automóvel havia se dirigido para Brasília em 2 de janeiro e voltado para Catalão na madrugada do dia 9 do mesmo mês, logo após as invasões às sedes dos Três Poderes.
A partir daí, a PF começou a analisar a foto do suspeito, submetendo a imagem do vândalo à avaliação de um programa de reconhecimento facial, que a comparou vídeos do sistema de segurança do Planalto, acompanhado de peritos experientes na área.
O laudo de revisão facial, demonstrou semelhanças/correspondências entre o cidadão registrado nas câmeras e a pessoa indicada nas denúncias anônimas.
Pessoas próximas, como o vizinho e o ex-chefe do mecânico, reconheceram Ferreira por foto, e a locadora da casa onde morava o mecânico também o identificou e disse que o seu inquilino havia abandonado o imóvel. De acordo com pessoas que tiveram acesso à residência, foram deixados no local uma Bíblia, uma faca e um boné com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Investigadores estiveram nos endereços ligados a Ferreira, mas não o encontraram. Denúncias apontaram que ele estava se abrigando em uma propriedade rural. A mulher do proprietário da fazenda contou aos agentes da PF que Ferreira confidenciou que “tinha feito umas besteiras em Brasília”, e preocupada levaram ele para outra residência, pois o mecânico dizia que pretendia se entregar à polícia na segunda-feira.
Para a PF, a destruição do relógio histórico, mostram grave perturbação da ordem pública, tendo em vista que o dano ao patrimônio material e imaterial da República Federativa do Brasil é imensurável.