O Ibovespa terminou o primeiro semestre de 2022 com uma queda de 5,94%, se tornando o pior investimento no período.
Mas algumas ações foram mais ao fundo do poço: Magazine Luíza (MGLU3), por exemplo, foi a mais desvalorizada desde janeiro, perdendo mais da metade de seu valor.
Outras ações de empresas de varejo e consumo também caíram.
Empresas de turismo ainda fazem parte da lista dos piores desempenhos do Ibovespa, índice que reúne algumas das ações negociadas na Bolsa de Valores. Veja abaixo a lista das maiores quedas e a análise sobre o Magazine Luiza.
As maiores quedas do Ibovespa
Confira os dez piores desempenhos entre as ações que compõem o Ibovespa, de janeiro a junho de 2022, segundo cálculos Einar Rivero com apoio dos dados da plataforma TC/Economatica:
Magazine Luíza (MGLU3) – -67,59%
Méliuz (CASH3) – -66,67%
Via (VIIA3) – -63,43%
Locaweb (LWSA3) – -57,29%
Americanas (AMER3) – -56,40%
Embraer (EMBR3) – -53,91%
IRB Resseguros (IRBR3) – -49,50%
Azul (AZUL4) – -49,18%
Alpargatas (ALPA4) – – 48,07%
CVC (CVCB3) – -47,99%
Das dez maiores quedas do período, pelo menos seis empresas estão ligadas ao setor de consumo e varejo (Méliuz, Via, Americanas, Alpargatas e Natura, além de Magazine Luíza). Elas sofrem porque o consumidor está comprando menos, num ambiente de preços subindo e juros em alta. Azul e CVC, ligadas ao segmento de turismo, também sofrem em um momento de viagens mais caras. Mas por que o Magazine Luiza sofre mais que as outras ações?
De cada 100 vendas que a empresa faz, 73 são parceladas, de acordo com os dados divulgados pela varejista referentes ao primeiro trimestre de 2022.
“Ao contrário da Americanas, que vende bastante itens mais baratos e depende menos de crédito, Magalu é mais exposta a bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos. Então ela vende mais a prestação que as concorrentes e isso aumenta o risco da ação, principalmente quando os juros sobem”, diz Lívia Rodrigues, analista da Ativa Investimentos.
Para enfrentar esse período de vacas magras, a empresa tem diversificado seu mix de vendas, focando em itens mais baratos, como produtos de limpeza, cuidados pessoais, bebidas e alimentos.
Queridinha da Bolsa
Mas mesmo assim está difícil para a empresa. O surpreendente é que mesmo com uma queda tão drástica, o papel continua sendo o queridinho da Bolsa. Apesar da queda de 66,34% nesses seis meses, MGLU3 continua sendo a mais negociada da Bolsa de Valores de São Paulo.
“Isso acontece por conta do histórico de valorização da ação”, diz Lívia.
Quando abriu seu capital, em 2011, a MGLU3 valia R$ 0,51. O papel ficou se arrastando na casa dos centavos até 2017, quando começou escalar um pico de alta – que culminou, no início da pandemia, numa valorização de 2662% (desde a entrada na B3).
Mas não foi só isso. Passado o susto com o fechamento de lojas no começo da quarentena, em 2020, o papel da varejista voltou a subir. Naquele ano, os juros caíram para 2% e o comércio eletrônico estava bombando. Conclusão: às vésperas da Black Friday de 2020, nos primeiros dias de novembro, a ação bateu em R$ 27,34. Em relação aos R$ 0,51 da abertura, o salto é de 5260%. Ou seja: quem investiu R$ 100 já em 2011, no fim de 2020 estava com R$ 5.360.
Veio a pandemia, o governo aumentou as despesas e rompeu o teto de gastos, a inflação subiu, os juros passaram de 13% – tudo isso em menos de dois anos.
Hoje, esse mesmo investidor que passou de R$ 100 para mais de R$ 5 mil – tem agora R$ 458. Ainda é um ganho de 358% em relação a 2011. Mas uma desconto de mais de 90% em relação ao valor máximo alcançado.
E o que fazer com as ações?
“Não vejo nenhum gatilho de alta no curto prazo que faça as ações se valorizarem”, diz Lívia.
Para as ações se recuperaram, o ambiente econômico precisa mudar, diz Gustavo Pazos, analista da Warren. A perda de poder aquisitivo da população sofrida até agora com a alta de preços precisaria ser sanada.
A única coisa que pode animar o investidor é que o desconto na ação está muito grande. Isso pode abrir algum espaço para correção no preço. “Mas tudo depende do ambiente econômico”, reforça ele.
Este material é exclusivamente informativo, e não recomendação de investimento. Aplicações de risco estão sujeitas a perdas. Rentabilidade do passado não garante rentabilidade futura.
Fonte: UOL – Jornalista Lílian Cunha