Após um mês turbulento no Pronto Socorro Infantil, mais médicos comunicaram desligamento da escala do pronto atendimento a partir do mês de julho, assim como outros já haviam se descredenciado e foi noticiado com exclusividade pela Sociedade Organizada.
Desesperados, os médicos vêm tentando se organizar nas escalas do último final de semana sem qualquer respaldo direto dos seus superiores. De acordo com o que foi relatado à reportagem, mesmo com a unidade lotada e com apenas dois médicos prestando atendimento em um dia de grande volume de pacientes, não há qualquer respaldo da prefeitura para elaboração da escala. Médicos precisam ser remanejados de última hora, para suprir a demanda do pronto socorro infantil, gerando transtornos e revolta entre os profissionais que explicaram que devido ao baixo valor pago pela prefeitura de Franca, em vista de outros municípios, eles precisam assumir mais de um trabalho ao mesmo tempo, porém a administração municipal não respeita a disponibilidade de horários deles. Com tanto descredenciamento, se a prefeitura mantiver essa postura, com a falta de médicos ela pode ser obrigada a contratar uma empresa como já fez no passado, com o ICV, que não trouxe bons resultados à cidade e gerou o escândalo dos falsos médicos.
Pacientes em estado grave estão esperando por dois dias para conseguirem internação, levando os profissionais da saúde a se questionarem, “parece que a prefeitura não tem interesse em aumentar o número de leitos, médicos e profissionais de enfermagem, chegando ao absurdo de não ter remédios básicos como antibióticos e oxigênio”, relatou o denunciante.
Segundo a testemunha, os médicos estão sobrecarregados e sendo pressionados constantemente sob fiscalização da chefia do pronto socorro infantil, que tem notificado aqueles que atenderem mais de sessenta crianças em doze horas, aplicando multa contratual. “Uma dúzia de médicos se desligou e a administração nada fez, ao contrário, parece forçar para que mais médicos saiam do atendimento, nos remanejando para escalas que não podemos cumprir forçando o desligamento dos médicos”, desabafou.
Um médico, que solicitou anonimato com medo de represálias, declarou: “não querem que atendamos as pessoas, escalam os médicos em horários que eles não podem cumprir gerando ausências previsíveis, por consequência o corpo clínico sobrecarregado se desliga da rede, ocasionando ainda mais a falta de profissionais, não dá para entender. Se demoramos no atendimento somos cobrados pela população, se agilizamos somos notificados pela chefia. Alguém precisa fazer alguma coisa por nós, a saúde de Franca está um caos”.
A diretora de gestão do pronto socorro infantil, Cristina Baldochi, esclareceu aos médicos que quando nomeada como comissionada pelo prefeito informou à secretária de saúde Waléria Mascarenhas que não poderia assumir a escala dos profissionais, o que ficou a cargo de Sandra Silva e Olívia, apesar de não terem essa função. Ela também disse a eles que as notificações recebidas pelos médicos partiram da auditoria da prefeitura, setor responsável pela fiscalização da contratação dos médicos, em razão das reportagens envolvendo os órgãos de saúde da cidade.
De antemão, a reportagem esclarece que as pessoas envolvidas na denúncia estão protegidas por sigilo profissional e que qualquer médico ou profissional da saúde tem livre arbítrio e segurança para procurar a Sociedade Organizada, além de ser uma questão de justiça aos trabalhadores e à sociedade civil como um todo. A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público para que sejam tomadas as devidas providências.