As enchentes e o transbordamento dos córregos da cidade fazem parte de um problema antigo, ainda não solucionado por nenhum governo, que apenas tomaram medidas paliativas ao longo das décadas, como alargamento pontuais dos canais. Entretanto, não há nenhum estudo aprofundado a respeito que tenha sido realizado pelas gestões anteriores, por isso a Sociedade Organizada analisou as propostas de campanha dos candidatos a prefeito de 2020 como forma de auxiliar a administração municipal a encontrar soluções para tal dificuldade.
João Rocha, ex-vice-prefeito e também responsável pela EMDEF mapeou a situação em 2020 durante a elaboração do seu plano de governo e afirma que é necessário um investimento alto de recursos e que o município não seria capaz de sanar a situação sem auxílio do governo estadual e federal. De acordo com o empresário, a contenção das enchentes deve ser feita em etapas e algumas delas são fáceis de serem implementadas pelo prefeito, inclusive aproveitando o próprio relevo da cidade para que se tenham soluções de curto prazo. Ele explicou que em seu levantamento realizado com o acompanhamento de um engenheiro técnico, foi possível verificar que a situação mais crítica se dá aos finais das grandes avenidas Antônio Barbosa Filho, Dr. Hélio Palermo e Dr. Ismael Alonso y Alonso.
De um modo didático Rocha explicou que “o relevo da cidade em formato de “U”, desde o Distrito Industrial, passando por toda a Avenida Integração, seguindo pela região do Hospital do Coração e Avenida Adhemar de Barros, fazendo com que as águas desaguem para dentro e para fora desse relevo, de modo que as águas que escoam para dentro desse “U” causem as enchentes”. Para ele uma das soluções a médio prazo seria a formação de lagoas de contenção com a finalidade de reter a maior demanda da água por cerca de vinte ou trinta minutos, e assim a água chegaria aos pontos mais críticos da cidade em menor volume, permitindo que o escoamento dos córregos fosse mais tranquilo.
“A abertura de lagoas de contenção é a medida mais adequada por trazer resultados rápidos, além de ter um custo relativamente barato, sem prejudicar o meio ambiente”. – João Rocha.
Ainda de acordo com João, as nascentes dos córregos seriam os locais mais adequados para a abertura de tais lagoas. Na região localizada entre os dois bairros Piratininga I e Piratininga II, há uma área com cerca de 1,5 km de área que pode ser utilizada para essa finalidade, além da área de preservação permanente localizada na avenida Vereador José Granzotte, o que não irá interferir na biologia do ecossistema local, pois a água ficará retida temporariamente. Já na região do Recanto Elimar e Parque Santa Hilda, há um córrego que precisa ser contido antes de chegar à região do Clube Castelinho, e na região do bairro Jardim Flórida há uma área verde desde o Recanto Elimar, passando por toda extensão do Santa Lúcia até chegar no castelinho. Em outro ponto da cidade, mais próximo à Avenida Hélio Palermo, há praças grandes que podem ser utilizadas para esta finalidade e realocadas.
Questionado, ele disse não ver impacto de vizinhança nessa situação pois são áreas de preservação, salvo no caso das praças, mas que de qualquer modo o espaço deverá ser projetado e cercado, para evitar a poluição local e garantir a segurança dos moradores da região. Ele acrescentou que na cidade de São Paulo há os chamados “piscinões”, portanto é algo extremamente viável e já utilizado em outras cidades.
Outra medida a ser tomada pelo poder público para conter as enchentes são as “cisternas secas”, a serem construídas nas novas unidades habitacionais do município. Seria preciso que o prefeito encaminhasse um projeto de lei para a câmara estabelecendo que cada unidade habitacional ou comercial a ser construída nessa região do relevo, tenha a cisterna seca em sua infraestrutura, que nada mais é do que um método de escoar a água que cai no telhado da casa em uma cisterna no quintal, apenas escoando para a rua ou esvaindo pra os lençóis freáticos ao atingir o volume máximo do “ladrão” do reservatório. Mas isso só se aplicaria às novas construções ou reformas em moradias, entretanto tais mediadas possibilitariam que a água fosse retida antes mesmo de chegar nas lagoas de contenção.
É possível também implantar galerias subterrâneas nos pontos mais complicados ao longo dos córregos, já que o canal se localiza entre duas avenidas, o que demandaria menos investimento e seria uma obra mais ágil de ser realizada. João sugere que seja feita um projeto de macrodrenagem, dimensionamento e custo, que pode ser realizado pela Secretaria de Saneamento de Recursos Hídricos de São Paulo ou pelo Ministério da Infraestrutura, e critica que não tem sido feito nada pela administração municipal nesse sentido apesar da gravidade das enchentes, inclusive com mortes de munícipes.
A melhor solução claramente é o alargamento dos córregos, alterando a construção trapezoidal destes para o sentido vertical, o que de acordo com João aumentaria consideravelmente a capacidade destes córregos. No entanto, a maior dificuldade para o alargamento é o alto custo, o que deve ser mediante apoio do ministério da infraestrutura e governo de São Paulo, necessitando que nossos deputados e prefeito busquem as verbas necessárias. Há ainda a possibilidade de venda de propriedades municipais para a iniciativa privada, terrenos sem a devida utilização e prédios abandonados para levantar recursos, sem que configure dilapidação de patrimônio.