O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro é pré-candidato à presidência da república nas eleições de 2022 pelo partido Podemos, mas tem sofrido forte pressão da oposição contra sua tentativa de emplacar sua candidatura. Renata Abreu, presidente nacional do partido afirmou que há uma mobilização de ministros do STF tentando inviabilizar a candidatura de Moro, fazendo com que o grupo Prerrogativas, de advogados críticos à operação Lava Jato, solicitasse que o TSE abra inquérito para investigar tais ameaças ao ex-magistrado com acompanhamento da Polícia Federal sob a acusação de crime contra a ordem democrática por ofensa ao estado democrático de direito. À Sociedade Organizada, Moro disse que no momento não está preocupado com Brasília, focando mais em seu projeto de campanha, mas para que se tenha maior clareza desse assunto é preciso que a própria representante do partido esclareça as alegações.
Outra possibilidade de atrapalhar sua futura nomeação à disputa seria a criação de uma federação entre os partidos MDB e União Brasil, ainda em processo de formação, a partir da fusão dos partidos DEM e PSL. A concretização da federação seria uma forma de afastar o ex-juiz da Lava-Jato da corrida eleitoral, mas por enquanto foi descartada por representantes do partido PSL, que alegam ser difícil uma união entre dois grandes partidos em formato de federação no momento, isso porque os partidos ficariam sujeitos a tomarem decisões conjuntas pelos próximos quatro anos. Moro esclareceu que ainda é cedo para tratar sobre alianças, entretanto confirmou que estão sendo realizadas muitas discussões a cerca dessa possibilidade e que a união entre partidos certamente ocorrerá mais próxima às eleições.
Sobre sua candidatura, destacou que “a liderança atual, além de não estar preparada para um mar calmo, já falhou na turbulência”, e que é preciso ter alguém responsável à frente do governo, pois segundo ele “a pessoa pode até errar, mas tem que ter ao menos a intenção de fazer a coisa certa, não pensando nela e na família dela especificamente, mas em servir a nação”. Moro enfatizou que uma das falhas do presidente da república foi se afastar das suas promessas de campanha em benefício próprio, como o fim da reeleição, e aproveitou para garantir que uma das suas propostas é acabar com a possibilidade de reeleição já em 2023: “que seja essa, a minha primeira e única eleição”.
Em outra crítica ao governo federal, o pré-candidato disse que no início da pandemia Jair Bolsonaro (PL) deveria ter estimulado o uso de máscaras, o distanciamento social e os mecanismos de testagem rápida, o que não foi feito pelo presidente, lembrando que “ele não é culpado pela existência do vírus mas o comportamento irresponsável da nossa liderança pode ter custado muitas vidas”. Por fim, Moro fez questão de destacar: “precisamos retomar a luta, os sonhos que foram roubados de nós em 2018 por meio de um estelionato eleitoral”.