A estética facial tem se destacado como um dos principais motores do crescimento do mercado de beleza em 2025. Segundo a Fortune Business Insights, a demanda por procedimentos faciais minimamente invasivos, como botox e preenchimentos, impulsiona o setor global, que movimentou US$ 8,93 bilhões em 2023 e deve chegar a US$ 17,24 bilhões até 2032.
No Brasil, a Grand View Research estima que o mercado estético movimentou US$ 3,4 bilhões em 2023, com projeção de chegar a US$ 9,8 bilhões até o fim da década — grande parte puxada pela estética facial. Globalmente, o setor ultrapassou os 127 bilhões de dólares, com expectativa de crescimento anual de 14,9% até o fim da década. Mas o que está por trás desses números?
O avanço dos procedimentos minimamente invasivos
“Uma das principais tendências é a preferência por técnicas menos invasivas, com recuperação rápida e resultados naturais. A rinomodelação, por exemplo, segue entre os cinco procedimentos mais realizados no país. Bioestimuladores, skinboosters e liplifting também ganham espaço, à medida que os pacientes buscam intervenções que valorizem seus traços sem promover mudanças radicais“, explica Bianca Jone, mentora de cursos na área de estética e coordenadora de formação em cosmetologia avançada, criadora do método “sculpt bum”.
“Hoje, vemos uma demanda muito maior por resultados sutis e personalizados. Os pacientes querem parecer descansados, saudáveis e confiantes — e não necessariamente diferentes”, continua.
A desarmonização facial como resposta aos exageros do passado
“Nos últimos anos, muitas pessoas passaram a procurar clínicas para reverter procedimentos anteriores. A chamada “desarmonização facial” cresceu em popularidade como reflexo de uma conscientização maior sobre exageros estéticos“, afirma Bianca Jone. Famosos como Gracyanne Barbosa, Eliezer e GKay foram exemplos que impulsionaram o debate sobre os limites da harmonização facial e a importância do equilíbrio.
Segundo Bianca, essa tendência traz uma lição: “A estética precisa ser pensada com base em conhecimento técnico, estudo da anatomia e respeito à individualidade. Por isso, a formação do profissional é tão importante quanto o procedimento em si”.
Mais homens e mais jovens nas clínicas
Outro dado é a mudança no perfil do público. Tradicionalmente associado às mulheres, o mercado de estética facial passou a atrair homens e pacientes mais jovens. De acordo com a Associação Brasileira de Clínicas e Spas, os homens já representam 30% da clientela em clínicas estéticas no Brasil.
Além disso, a faixa etária dos pacientes vem caindo. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) apontam que houve um crescimento de 141% nos procedimentos estéticos realizados em jovens de 13 a 18 anos na última década. Entre os principais motivadores estão as redes sociais, os filtros de imagem e a constante comparação com padrões de beleza irreais.
Tecnologia como aliada: do diagnóstico ao resultado
“Com o avanço das tecnologias aplicadas à estética, novas possibilidades surgiram para personalizar os tratamentos. Equipamentos como o ultrassom microfocado, o plasma frio, a radiofrequência criogênica e tecnologias de contração muscular oferecem soluções seguras, com menos tempo de recuperação e maior precisão“, continua Bianca Jone.
Outra inovação é o uso de inteligência artificial (IA) para análise facial e simulação de resultados. “Além da tecnologia em si, o diferencial está em saber como aplicá-la com critério e embasamento científico. Um bom equipamento nas mãos erradas pode comprometer o resultado e a segurança do paciente”, pontua Bianca, que atua com capacitação de profissionais para o uso ético desses recursos.
Sustentabilidade e formulações inteligentes
No campo dos cosméticos, o futuro também aponta para produtos mais conscientes. O relatório da Mordor Intelligence indica que o segmento de cosméticos veganos, orgânicos e sustentáveis terá crescimento expressivo até 2028. Produtos que protegem contra poluição, combatem o envelhecimento e respeitam a barreira cutânea ganham espaço.
Nesse sentido, a corneoterapia e o uso de nutracêuticos e dermocosméticos estão cada vez mais presentes nos protocolos clínicos. “O cuidado com a pele precisa começar antes do procedimento e continuar depois. O home care bem orientado é parte fundamental dos resultados duradouros”, afirma Bianca, ao comentar sobre a importância da educação estética focada em saúde da pele.
Com o crescimento acelerado do setor, surge também a necessidade de formação continuada. “Nos Estados Unidos, universidades como a University of Southern California (USC) já lançaram programas presenciais voltados à harmonização e à estética facial avançada — um reflexo do novo status da área, cada vez mais integrada à ciência e à medicina regenerativa”, afirma Bianca.