O uso do ácido hialurônico (AH) em planos profundos, como o subcutâneo e o supraperiostal, tem sido tema de discussões entre profissionais da medicina estética. Recentemente, um produto fabricado no Brasil passou a contar com essa indicação de uso formalizada em bula, de acordo com registros na Anvisa. A possibilidade de aplicação do AH em planos profundos reforça a necessidade de formação especializada e respaldo técnico para procedimentos estéticos corporais.
Segundo especialistas que participaram de treinamentos clínicos e eventos com o produto, a nova classificação amplia as opções terapêuticas para harmonização glútea e tratamento de contornos corporais. “Usei intramuscular e subcutâneo e gostei, sim. Parece promissor”, afirma a médica Dra. Tatiana Fagnani. Já o biomédico Dr. Jefferson Queiroz comenta: “O Bellarine entrega uma projeção excelente, o pós-procedimento é tranquilo, sem dor ou hematoma, e a segurança é real”.
Tecnologia e formulação
O produto é fabricado com uma tecnologia conhecida como No Thermal Stress (NTS), que, segundo o fabricante, evita a degradação do gel durante o processo produtivo ao eliminar o estresse térmico. Esse tipo de formulação tem sido citada em eventos e congressos como uma alternativa para procedimentos que exigem estabilidade e densidade adequadas.
Além disso, o produto não possui lidocaína em sua composição, o que, conforme explica a médica Dra. Mariana Ribeiro, pode ser vantajoso: “Sabemos que existe um limite de anestésico a ser utilizado por peso do paciente e, caso o produto tivesse anestésico, ficaríamos limitados a utilizar uma quantidade muito menor de ácido hialurônico do que o necessário em alguns procedimentos. Eu sempre faço anestesia prévia, então isso foi um fator determinante na minha escolha pelo Bellarine”.
Indicação e estudos de apoio
Estudos revisados por pares indicam que o AH apresenta biocompatibilidade, é reabsorvível e possui baixo risco de complicações graves quando utilizado por profissionais capacitados e com produtos devidamente regularizados. A patente internacional BR112015017040B1 é uma das referências sobre seu uso para volumização e remodelação muscular, inclusive glúteo.
Publicações como o estudo de Ávila, H. e Silvani, M. (PUC-Goiás, 2024) também abordam o impacto positivo de técnicas minimamente invasivas na autoestima de pacientes, especialmente em procedimentos glúteos. O uso do AH em protocolos com microcânulas é descrito como alternativa viável para resultados graduais e harmônicos.
Adesão clínica
A crescente procura por procedimentos estéticos com produtos absorvíveis e de aplicação menos invasiva tem contribuído para a adesão de novos protocolos com AH. Em redes sociais, profissionais compartilham resultados clínicos relacionados ao uso do produto em regiões glúteas, inclusive em pacientes com prótese de silicone. Segundo a médica Dra. Tábita Nunes, “é possível fazer remodelação glútea com ácido hialurônico em quem já tem prótese de silicone, pois corrige as laterais e disfarça a marcação da prótese”.
Panorama atual
A inclusão formal em bula para aplicações profundas representa um passo importante para a segurança dos procedimentos e amplia as possibilidades técnicas no setor de harmonização corporal. A tendência é que o debate sobre o uso do ácido hialurônico em planos profundos continue crescendo, com base em evidências, regulação e formação continuada dos profissionais da área.