Durante o período da pandemia, o brasileiro avaliou e mudou seu comportamento em relação a investimentos, hábitos de consumo e buscou novas formas de poupar. O coeficiente de poupança versus renda alcançou 19,8% em março de 2021, segundo o Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec) da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe).
Passados quinze meses, o indicador atingiu 3,3% em junho deste ano. Apesar da retração, o saldo das cadernetas de poupança, em agosto, já era de R$ 563 bilhões, contra R$ 529 bilhões registrados no fechamento de 2021, segundo o Cemec-Fipe.
Com foco na gestão das finanças pessoais, o Banco Central do Brasil conceitua que um dos pilares básicos da educação financeira está na organização e na identificação das receitas e gastos. Segundo Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, “durante o ano todo, o consumidor deve acompanhar e anotar os valores desembolsados em cada tipo de despesa que faz parte do seu dia a dia, visando inclusive a manutenção de seu padrão de vida”.
Ao complementar o raciocínio financeiro, esclareceu ainda que “as possíveis sobras no orçamento podem ser destinadas ao início da realização dos sonhos de consumo ou para investimentos, cujos valores são mais significativos”.
Alguns fatores como a diminuição do gasto, creditado às medidas restritivas impostas na pandemia e os auxílios governamentais, influenciaram para que eventuais excedentes verificados no orçamento fossem maiores naquele período. Todavia, em épocas normais, há outras variáveis quando as entradas de recursos são mais significativas. “Exemplos são os recebimentos relativos às férias, de bônus ou do 13º salário, o que significa maior saldo no bolso do consumidor”, esclarece Barbagallo.
Recente nota do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE estima que, até dezembro, o pagamento do 13º salário irá injetar R$ 249,8 bilhões na economia brasileira, representando 2,6% do PIB. A previsão aponta também que quase 85,5 milhões de brasileiros receberão o rendimento, isto é, uma média de R$ 2.672,00 para cada um.
“Trata-se de valores expressivos, que podem transformar para muitos, nessa época do ano, em uma virada de jogo, rumo a novos objetivos em novos projetos pessoais ou familiares”, sugere Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
A disciplina Finanças Comportamentais nos mostra que muitos indivíduos tomam suas decisões de forma rápida e superficial, apenas fazendo uso da contabilidade mental. “Nessas situações, é comum achar que as sobras no orçamento são insignificantes ou, até mesmo, nulas, favorecendo o consumo imediato”, diz o economista.
As pessoas, ao verificarem que mensalmente os recursos economizados são pequenos, não se sentem estimuladas a tomar iniciativa em direção a seus objetivos. Contudo, nas ocasiões quando a sobra é maior, como com o 13º salário ou as férias, por exemplo, a disposição para dar o primeiro passo pode aparecer.
“O sistema de consórcios, com suas peculiaridades como parcelas acessíveis, não incidência de juros, mas apenas taxa de administração e, se constar em contrato, seguro e fundo de reserva, é uma opção interessante para o consumidor que possui saldo maior no orçamento nesta época do ano e queira dar o “primeiro passo” na realização de seus objetivos de consumo ou de investimentos, de forma simples e econômica”, detalha Rossi.
A terceira edição da pesquisa qualitativa e quantitativa que avaliou o comportamento de usuários e conhecedores dos consórcios, encomendada pela ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios à Kantar, Divisão de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria da WPP, confirma que o compromisso do consumidor com o boleto mensal é uma forma de disciplinar o hábito de poupar para atingir metas pessoais ou familiares.
Quando perguntado sobre “Quais os motivos que o levaram a comprar uma cota de consórcio”, a resposta: “O consórcio é um jeito de guardar dinheiro”, passou de 26%, em 2020, para 27%, em 2021, chegando a expressivos 35%, em 2022.
O próximo ano reserva um panorama econômico diverso do encontrado em 2002 pelo presidente eleito. Nos oito anos que se seguiram, de 2003 a 2010, a partir de sua primeira eleição, a política adotada foi de incentivo ao consumo com valorização do salário mínimo e crédito farto, o que gerou uma taxa média de crescimento mensal de 4%. Inclusive, a crise de 2008 foi contornada com políticas anticíclicas.
Políticas anticíclicas são geralmente defendidas por economistas Keynesianos (John Maynard Keynes – Economista britânico – 1883 – 1946). Basicamente são políticas que defendem ações de governo que visam minimizar ou impedir os efeitos de um determinado ciclo econômico desfavorável, como ocorreu em 2008.
“À época, a situação internacional, com o crescimento da economia chinesa e o boom das commodities favoreceram o crescimento, sem contar que problemas estruturais, como a hiperinflação, que foi resolvida pelo governo anterior, o que facilitou ainda mais a expansão da economia nesse período”, esclarece Barbagallo.
O quadro atual é de juros altos devido à questão fiscal e controle inflacionário e, sendo assim, aumentar os gastos neste momento só gerará mais inflação. Com as famílias endividadas, o espaço para aumentar o crédito é menor e mais caro também. No cenário internacional há a economia chinesa crescendo menos e há uma guerra, sem prazo para acabar, na Ucrânia.
“Pelos motivos expostos, entende-se que o planejamento se torna ainda mais fundamental para todos, e o consórcio, é um importante aliado nessa tarefa”, complementa o economista.
“Constata-se que muitas pessoas necessitam de uma ferramenta que os auxiliem a se organizar para realizar seus sonhos”, diz Rossi. “Final do ano é época não apenas de fazer planos, mas de colocá-los em prática. Sair da simples intenção para a ação. O Sistema de Consórcios, pode se encaixar perfeitamente nestes objetivos e se mostra adequado para auxiliar o consumidor em seus projetos”, aconselha.