Violência contra jornalistas é tema de estudos de turma de jornalismo da UNIFRAN.
Na última semana fui convidada por estudantes da turma de jornalismo da Unifran para falar sobre a violência sofrida contra jornalistas por simplesmente desempenhar esse trabalho. A ocasião me trouxe muita reflexão, pois pude pontuar alguns abusos e assédios que sofro constantemente aqui.
O grupo de formandos: Lorena Cristina, Mateus de Oliveira, Vitor Hugo Ferreira, Rafael Mateus Silva e Pedro Maia deu início a uma sequência de entrevistas realizadas até a produção final do livro reportagem a ser publicado e eu tive o privilégio de estrear falando um pouco sobre minha trajetória.
O tema infelizmente faz parte da rotina dos profissionais da área, uma vez que, falar a verdade e trazer algumas denúncias incomodam boa parte dos envolvidos e na tentativa de nos calar somos constantemente coagidos, ameaçados, desqualificados, perseguidos e denegridos.
Um pouco leiga na teoria, mas com a experiência prática de vivências aqui da página, após ser entrevistada aproveitei a oportunidade para explorar os pesquisadores do assunto para me aprofundar no tema e entrevistar o grupo, afinal sou jornalista! (risos).
Segundo Pedro Maia o grupo de futuros jornalistas entende o quanto a desinformação e a violência contra a classe tem crescido nos últimos anos, especialmente por fatores políticos, por isso decidiram abordar o assunto e explorar seus porquês.
O formando relata que particularmente nunca vivenciou (ainda) nenhum ato de agressão, mas ressalta que é possível identificar quando o jornalista está se tornando vítima de perseguição, basta saber qual o retorno sobre a publicação de suas matérias ou opiniões, se quem foi citado se incomodou e, portanto, tentou barrar a veiculação da sua notícia ou reportagem.
Quando questionado se é possível permanecer motivado a exercer a profissão mesmo sabendo dos desafios diários relacionados a violência que vai enfrentar ele foi taxativo:
“ O jornalista, por natureza, sabe que lidar com o público e, principalmente, com o interesse público, não é tarefa fácil. Ele deve estar atento e preocupado com o que escreve para que possa manter o que foi relatado até o final, já que ele é responsável pelo que divulga. De qualquer forma, pessoas mal-intencionadas sempre existirão, mas precisamos resistir a certas pressões pelo bem da nossa liberdade de expressão. Logicamente, a nossa vida e a segurança de nossas famílias vêm em primeiro lugar, mas é necessário saber que o nosso trabalho atinge o povo e, principalmente o poder público, que é o setor da sociedade cobrado diretamente por nós, já que somos aqueles que representam os cidadãos e fazemos as perguntas que eles gostariam de fazer, mas que não podem ou não conseguem questioná-los diretamente. Em outros âmbitos, como quando reportamos assuntos relacionados a criminalidade, é um risco, mas que muitas vezes é necessário correr. O crime e os criminosos não podem ficar impunes e tranquilos enquanto os cidadãos de bem precisam matar um leão por dia para garantir o sustento de suas casas” (Pedro Maia)
Por fim, perguntei a ele qual conselho daria para pessoas (como eu) que se arriscam a entrar para o meio da comunicação e nem imaginam que existe um universo perverso de opressão, censura e descredibilização tão sinistro.
R. Diria que se sente vontade de trabalhar no meio, que venha, mesmo com tantas afrontas ao nosso trabalho. É necessário formarmos comunicadores que não se acanhem e lutem para que a nossa liberdade de expressão e até mesmo a nossa própria liberdade individual não sejam suprimidas. Precisamos de profissionais que se proponham a entregar não aquilo que agrade a A ou B, mas que leve a verdade, acima de tudo.
Foi um momento de muita troca e desde já agradeço a esse bate- papo incrível, como muitos sabem eu não sou formada em jornalismo e aprendi muito com o grupo em especial com as dicas de ouro do meu já amigo e estimado Pedro Maia.
Aos queridos alunos desse encontro:
_ Desejo sucesso nessa jornada e que nossos caminhos se cruzem na profissão sensacional que escolhemos.