O atacante Vinicius Junior foi vítima de insultos racistas mais uma vez na Espanha. Vídeos publicados nas redes sociais mostram vários xingamentos da torcida do Valladolid contra o brasileiro, na vitória do Real Madrid por 2 a 0, pelo Campeonato Espanhol. O jogador se manifestou sobre o assunto neste sábado e condenou a passividade da liga que organiza o torneio.
Pouco depois, o presidente da LaLiga, Javier Tebas, fez uma publicação rebatendo o brasileiro. Segundo o mandatário, a entidade “luta contra o racismo há anos”.
– A LaLiga combate o racismo há anos. Vini Jr, é muito lamentável e não é verdade publicar que a LaLiga não faz nada contra o racismo. Se informe melhor. Estamos à sua disposição para que TODOS JUNTOS, possamos caminhar na mesma direção – disse Javier Tebas.
O Real Madrid ocupa a segunda posição do Campeonato Espanhol, com 38 pontos, mesma pontuação do líder Barcelona, que empatou o clássico catalão contra o Espanyol, neste sábado.
Vinicius foi substituído aos 42 minutos do segundo tempo e caminhou pela lateral do campo, sem correr diretamente ao banco de reservas. No trajeto, torcedores atiraram vários objetos contra o jovem atacante. É possível perceber gritos de “negro de merda” e “macaco”, além de sons que imitam macaco.
Vinicius não reage aos insultos, mas chuta um dos objetos atirados pelos torcedores. Ele ainda cumprimenta o goleiro Courtois, que retira vários dos itens arremessados a campo. O Real Madrid e o Valladolid não se manifestaram.
O Valladolid pertence ao ex-atacante e ídolo brasileiro, Ronaldo, que também é dono da SAF do Cruzeiro. O Fenômeno estava no estádio José Zorrilla e acompanhou a partida ao lado do presidente do Real Madrid, Florentino Pérez.
Vini Jr e o racismo na Espanha
Os insultos racistas de torcidas rivais têm sido constantes contra Vinicius Junior na Espanha. O caso mais grave e mais recente foi no clássico contra o Atlético de Madrid, em setembro, dias depois que o brasileiro também foi alvo de declarações racistas em um programa de TV do país.
Na ocasião, houve grande mobilização na internet de brasileiros e estrangeiros apoiando o jogador, quando surgiu a hashtag #BailaViniJr. Após o ocorrido, Vinícius fez um comunicado e disse: “Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar de bailar”.
Em setembro, o Congresso dos Deputados da Espanha condenou os insultos racistas contra Vinicius Junior cometidos pela torcida do Atlético de Madrid no clássico espanhol. Na declaração, os parlamentares exigiram medidas da LaLiga, Uefa, Fifa e as autoridades públicas do esporte no governo espanhol.
– Este episódio não é um caso isolado, mas um novo exemplo de uma realidade que já foi denunciada muitas vezes: Marega, Kameni, Williams, Marcelo, Alves ou Eto’o, entre outros, são alguns dos jogadores que sofreram insultos racistas – afirmou a declaração do Congresso.
Na ocasião, o Atlético de Madrid condenou a atitude de seus torcedores e chegou a suspender três sócios por racismo contra Vinícius Jr. A LaLiga denunciou o caso, mas, três meses depois, o Ministério Público de Madri arquivou o inquérito. A entidade afirmou que as ofensas “duraram alguns segundos” e aconteceram em contexto de “máxima rivalidade”.
A lei na Espanha
Na Espanha, há uma legislação – desde 2007 – para casos de incidentes violentos no esporte, incluindo o racismo. A lei prevê que “infrações graves” de racismo podem gerar multas individuais de 60 mil a 650 mil euros, ou valores mais baixos – entre 3 mil e 6 mil euros. Além disso, os torcedores podem ser banidos e os clubes podem ficar sem seus estádios – por até dois meses a dois anos.
Ao mesmo tempo, há ainda o código de disciplina da Real Federação Espanhola – em que há possibilidade de acusam de omissão por não tomar providências para evitar casos de racismo. Apesar de todas essas previsões, os respectivos órgãos não têm o hábito de aplicar punições severas.
Créditos: Globo Esporte
Imagens: Globo Esporte e Goal