A nação do grande Nikolai Gogol, no início do século passado, estava anexada à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Mas o pior ainda estava por vir: quando Joseph Stálin tornou-se o ditador da URSS, ele decidiu “borrar” as muitas nacionalidades que faziam parte do império sob seu governo.
O raciocínio de Stálin era (como sempre) muito simples: os russos eram aproximadamente 75% da população da URSS; se os jovens russos, em busca de emprego, fossem direcionados para a Ucrânia, Quirguízia, Uzbequistão, Geórgia etc., e os jovens ucranianos, quirguizes, uzbeques, georgianos fossem trazidos para a Rússia, com o passar das gerações estariam todos amalgamados em uma única nacionalidade, a russa…
A sanha destruidora de nacionalidades, do velho tirano russo, foi especialmente devastadora em uma região da Ucrânia, a Crimeia. Motivo? A Crimeia é o lugar com o mais agradável clima da antiga URSS e era para lá que viajavam todos os detentores dos mais altos cargos do Partido Comunista, para gozar de férias. O pessoal da privilegiada “Nomenklatura” soviética repetia o costume da nobreza russa, derrubada pelos comunistas, ao utilizar as “datchas” e serviçais dos antigos príncipes e barões. Stálin e o alto comissariado comunista queriam perpetuar a mordomia.
E, agora, vocês podem compreender a motivação de Stálin em levar a Conferência dos Três Grandes, ao final da Segunda Guerra Mundial, para Yalta, na Crimeia…
O monstro comunista deixou de existir, em 1991, para se transformar em pesadelo. Mas a República Russa, depois de uma curta primavera democrática e agora sob a tirania de Putin, segue viva e continua tão imperialista quanto era a URSS ou o Império Russo, dos Romanov.
A Ucrânia, desvencilhando-se da Federação Russa após o colapso comunista, decidiu – por óbvio – manter íntegro o seu território. Este fato provocou a ira de seu poderoso vizinho. Em 2014, a Rússia invadiu a Crimeia; ano passado, tentou invadir territórios do leste da Ucrânia. Só que, desta vez, encontrou oposição militar.
Não há qualquer justificativa legítima, para a Rússia realizar a invasão: dizer que a Crimeia e regiões do leste da Ucrânia são de maioria russa, escondendo a inoculação forçada de russos em período stalinista, é cinismo. Objetivamente, a invasão russa é quase secular. Por muitas décadas, foi silenciosa; agora, é brutal.
Respeitando o princípio de autodeterminação dos povos, a Europa presta ajuda aos ucranianos contra a invasão russa. Os EUA, não importando aqui se estão usando de oportunismo, está ao lado do país que luta contra o vizinho poderoso e opressor. Do lado russo, ficam – apenas – os países governados por ditadores. Pois é: o Brasil está em muito má companhia.
Como todos sabemos, o comunismo morreu; mas a esquerda sobrevive, em nosso querido país. Nada aprendeu, com a História. Algumas viúvas de Stálin, saíram de suas tumbas ideológicas para assombrar o Itamarati. Paciência…
E viva a Ucrânia!
Mauriney Eduardo Vilela (Ney Vilela)
Doutor em História Social Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Unesp de Franca _ Grupo Letras e Sons – em defesa da Música Popular Brasileira