O técnico Cuca foi apresentado como novo treinador do Corinthians nesta sexta-feira (21). O primeiro questionamento da coletiva de imprensa foi sobre a condenação de estupro envolvendo o profissional. Ele afirmou que não deve desculpas à sociedade porque seria inocente.
– Respeito as mulheres, nunca encostei um dedo. Tive em outros clubes e nunca foi me questionado. Meu erro foi nunca ter me defendido, não fiz isso porque não tinha dinheiro e nem soube. Fomos para averiguação e, três vezes, não é que ela não me reconheceu, é que eu não estava lá. Se a vítima diz que eu não estava lá… E eu juro por Nossa Senhora da Aparecida que é a coisa que eu mais amo no mundo. Tem o protesto, é claro que é justo, pelo que tem falado. Mas por que eu devo uma desculpa para a sociedade se eu não fiz nada? – indagou Cuca.
O caso ocorreu em 1987, quando Cuca atuava pelo Grêmio e estava em excursão pelo clube em Berna, na Suíça. Ele e outros três atletas do time gaúcho foram acusados por uma garota de 13 anos de estupro coletivo.
A acusação se transformou em condenação dois anos depois, mas não por terem supostamente estuprado a jovem e, sim, porque ela tinha apenas 13 anos, sendo uma violência sexual contra pessoa vulnerável.
– Esse é um tema delicado, pessoal meu, mas faço questão de falar sobre ele e tentar ser o mais aberto possível no que me cabe. Ocorreu há 37 anos, tenho vaga lembrança do que aconteceu. Nessa lembrança que eu tenho, eu tinha 23 anos na época, nós iríamos jogar uma partida e, pouco antes, subiu uma menina para um quarto, que eu estava com mais três jogadores. Estava em um quarto duplo, essa é a minha participação do caso. Sou totalmente inocente. Não fiz nada. Não foi estupro, a pena dada foi um ato sexual com um vulnerável. Muita gente falando inverdades para ofender. Vou fazer 60 anos, tenho duas filhas, de 32 e 34 (anos) e elas nem existiam. Eu era casado com a Jane, venho de uma casa que o único homem era eu – explicou.
Na parte de fora do CT Joaquim Grava, local da apresentação de Cuca, diversos coletivos corintianos protestam contra a contratação do técnico. O treinador falou sobre isso e reafirmou sua inocência no caso.
– Falei com Duílio (presidente corintiano), ele disse que teria protesto, disse que passaria por cima. Não vou ficar em casa, me escondendo. Sou inocente, tenho consciência tranquila. Nem soube que teve julgamento (na época). Fiquei sabendo da condenação um ano depois.
– Tem 200 mulheres lá fora? Tinha no Galo também. Não tenho orgulho de passar por uma situação dessa. Se eu pudesse não estar no quarto, eu não estaria. Eu estava lá. O mais importante não é a palavra da mulher? Ela não disse que eu não estava lá? Sei que o Duílio e o Alessandro estão tomando porrada por ter me trazido, mas eu não sou bandido. Disse para ele que se ele tiver arrependido e quiser me mandar embora, eu vou – concluiu.
O técnico também foi questionado se seu trabalho pode ser impactado pelos protestos.
Espero que não. Hoje, pode ter protesto e eu, sinceramente, vou passar por cima de tudo. Se não tiver, vai ser mais fácil para que eu fique fortalecido. Hoje eu sou Corinthians. Se você me fortalecer, a chance de nosso time ser mais forte é maior. Se tiver protesto vou saber como passar por cima – disse.
Cuca foi anunciado como treinador do Timão na tarde da última quinta-feira (20). Ele substituirá Fernando Lázaro, que voltará para o cargo de auxiliar.
Créditos e imagem: Lance