Roberto Carlos, ao que tudo indica, decidiu permanecer onde sempre esteve: no coração dos brasileiros e, por consequência natural, na tela da TV Globo. Depois de meses de conversas, ajustes, recuos e avanços, tudo leva a crer que a parceria entre o maior artista da música latino-americana em atividade e a segunda maior produtora de conteúdo audiovisual do mundo será renovada. Uma união que atravessa gerações, hábitos, governos e tecnologias, mas que permanece firme como um clássico, resistente ao tempo como poucas coisas neste país
Hoje, se alguém dissesse que a TV Globo e Roberto Carlos estavam se separando, seria como ouvir que dezembro não terá o Natal ou que o mar não terá mais ondas. São mais de cinco décadas de parceria, desde o tempo da TV de tubo Telefunken PALcolor, que ficava na sala e reunia toda a família, até os palcos digitais das plataformas de streaming. Roberto Carlos e a Globo não se pertencem. Ambos pertencem ao povo e entre ícones populares, a permanência juntos é quase um destino.
Roberto Carlos nunca foi chegado a títulos. Nunca se autodenominou Rei, Imperador ou Príncipe, embora nenhum trono tenha sido mais ocupado que o seu. Ele não pediu coroa, mas a multidão a entregou. Não exigiu reverência, mas a devoção popular veio por gravidade. Ele apenas fez o que sempre fez: cantar e compor verdade com simplicidade, emocionar e marcar época.
E, nesse contexto, ele poderia muito bem, como alguém já falou, dizer: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico.” Então, a televisão brasileira, o fim de ano, as festas das famílias e a própria memória afetiva de um país respirariam aliviadas.
Porque há coisas que não se rompem. Elas apenas se renovam.
Texto de Leandro Coutinho
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