“Nesse ponto entra a lúcida recriação do diretor Wilson Geraldo. Ele inventou tantos recursos para dramatizar o texto que, sem dúvida nenhuma, o espectador está diante do verdadeiro teatro. E bom teatro.” (Sábato Magaldi, em A Balada de Manhattan)
Esta abertura é parte da crítica elaborada por Sábato Magaldi, para o espetáculo do Teatro Estudantil de Vanguarda, de Santos, “A Balada de Manhattan”, que teve a direção de Wilson Geraldo.
Sábato assistiu esta montagem no Teatro do SESC, em São Paulo, durante o Festival de Teatro que era promovido todos os anos.
Nesse mesmo evento, teve oportunidade de assistir e elaborar sua crítica, sobre outra montagem santista, do Teatro Estudantil Vicente de Carvalho, “Prometeu Acorrentado”, dirigido por Carlos Alberto Soffredini.
Guardo até hoje esses dois trabalhos de Sábato, como verdadeiros prêmios conquistados durante o tempo em que produzi e atuei no teatro santista. Conheci Sábato na Comissão Estadual de Teatro, órgão do Conselho Estadual de Cultura, para o qual fui nomeado por indicação da Confederação de Teatro Amador do Estado.
Durante alguns anos trabalhamos juntos, com a companhia de Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld, Cacilda Becker, Renata Pallottini, entre outros.
Foram anos de aprendizado durante os debates de análise de projetos que eram encaminhados a CET.
E dessa convivência semanal, surgiu a amizade e a troca de informações que levaram Sábato e outros críticos paulistanos e cariocas, a assistir as montagens teatrais de Santos, muitas vezes aqui em nossa cidade.
Recordo a estreia de “As Confrarias”, de Jorge Andrade, onde tivemos a presença de Sábato, Décio de Almeida Prado, Alberto Guzik, Yan Michalski e o próprio autor. Finda a apresentação tivemos um debate que foi uma verdadeira aula, ali no antigo auditório da Rádio Clube de Santos.
Sábato fazia parte de um quarteto de ouro da crítica teatral brasileira, ao lado de Bárbara Heliodora, Yan Michalski e Décio de Almeida Prado. Sua ligação com o teatro santista, começa quando revela a força dramática da obra de Plínio Marcos.
Tem continuidade com a apreciação dos espetáculos produzidos por grupos santistas, não só em festivais, mas também, em temporadas realizadas em Santos e São Paulo. Certa vez, Yan Michalski não pode vir a Santos assistir uma das estreias do TEVC. Como fomos realizar espetáculos em Florianópolis, tivemos o prazer de contar com sua presença na plateia.
Para finalizar esta minha homenagem ao grande homem de teatro, reproduzo mais uma parte de sua crítica de “A Balada de Manhattan”:
“ Os figurinos de Walter Rodrigues ajudaram a construir a atmosfera. O surgimento do homossexual com vestido de noiva, é uma dessas ideias que justificam a existência do teatro como espetáculo e não apenas como leitura de texto. ”
Saudades do amigo e mestre.
CARLOS PINTO _ Jornalista e Presidente do ICACESP Instituto Cultural de Artes Cênicas