O ex-deputado Roberto Jefferson se entregou à polícia na noite deste domingo (23) após atacar policiais federais e passar 8 horas desrespeitando ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele jogou três granadas e deu tiros de fuzil em agentes que foram cumprir o mandado de prisão em sua casa, na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Jefferson é aliado próximo do presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
O ex-deputado será levado à sede da PF, no Centro do Rio de Janeiro. Depois seguirá para o Instituto Médico Legal, para exame de corpo de delito, e para Bangu 8.
Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Federal no Rio de Janeiro afirmou que “os policiais federais foram à casa do alvo para cumprir ordem de prisão determinada, na data de ontem (sábado, 22), pelo STF, e durante a diligência, na manhã de hoje (domingo, 23), o alvo reagiu à abordagem da PF que se preparava para entrar na residência. Dois policiais foram atingidos por estilhaços, mas passam bem”.
De acordo com o G1, os feridos são o delegado Marcelo Vilella, que teria sido atingido na cabeça e na perna, e a policial Karina Lino de Miranda, de 31 anos. Ela foi ferida na cabeça. Os dois foram atendidos em um hospital da região e receberam alta.
Roberto Jefferson usou o circuito interno de câmeras de sua casa para monitorar a movimentação dos agentes e gravou vídeos.
“Eu não vou me entregar. Eu não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los”.
“Mostrar a vocês que o pau cantou. Eles atiraram em mim, eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito. Mas eu não me entrego”, afirmou.
Depois, alegou não ter atirado para “pegar”.
“Espera aí só um minutinho. Não atirei em ninguém para pegar, ninguém. Atirei no carro e perto deles. Eram quatro, eles correram. Falei ‘sai porque eu vou pegar vocês’. Isso que vocês têm que saber. Mas eles vão vir fortes, mas eles não vão me pegar. Não vou, chega. É muita humilhação. Eu vi minha mulher chorando e fiquei impotente. Os caras pisando com as botinas nos sutiãs, nas calcinhas, nas camisolas dela por crime de opinião. Eu nunca vendi entorpecentes. Não sou do PCC, não sou Marcola”, justificou.
Após o ocorrido, o presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou repúdio às falas de Roberto Jefferson contra a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Além disso, o chefe do Executivo determinou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, acompanhe o caso no Rio de Janeiro.
Roberto Jefferson é condenado pelo inquérito que apura atividades de uma organização criminosa envolvida em fake news, que o TSE aponta estar envolvida em atos contra o Estado Democrático de Direito. O ex-deputado cumpriu prisão em regime fechado, no ano passado, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio. Contudo, recebeu o benefício de prisão domiciliar, devido a complicações de saúde.