Por Murilo Aires – advogado no escritório Dosso Toledo Advogados
O prejuízo da Boeing no quarto trimestre de 2024 atingiu US$ 3,86 bilhões, um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior. Este desempenho negativo está ligado a uma combinação de fatores, incluindo dificuldades operacionais, problemas na cadeia de suprimentos e impactos financeiros de greves e custos adicionais em contratos de defesa.
A paralisação de funcionários na Costa Oeste dos EUA afetou diretamente a produção da empresa, gerando atrasos e aumentando os custos operacionais. Além disso, os custos adicionais em programas de defesa pressionaram as margens da companhia. Projetos militares da Boeing, como o KC-46 (reabastecedor aéreo) e o Starliner (cápsula espacial), têm sido fontes recorrentes de gastos imprevistos. Já a divisão de aviação comercial da Boeing sofreu uma queda de 55% na receita, totalizando US$ 4,76 bilhões. Essa queda reflete desafios na entrega de aeronaves, em parte devido a problemas com fornecedores
Além disso tudo, a Boeing ainda sofre impactos de incidentes passados, como o acidente com um 737 MAX 9 no início de 2024, que resultou na suspensão temporária do modelo.
Com isso, houve queda na receita total, que caiu 30,8% no trimestre, para US$ 15,2 bilhões. No acumulado de 2024, a empresa registrou uma queda anual de 14,5%, totalizando US$ 66,5 bilhões. O fluxo de caixa operacional da empresa ficou negativo em US$ 3,45 bilhões. No entanto, a carteira de pedidos da Boeing segue robusta, com um total de US$ 521 bilhões, indicando um mercado ainda interessado nos seus produtos, apesar dos desafios atuais.
Apesar dos números negativos, as ações da Boeing registraram leve alta no mercado, refletindo uma expectativa de recuperação no longo prazo.
Fato é que a Boeing enfrenta um ano desafiador, com foco em recuperar a eficiência operacional e mitigar os impactos financeiros negativos. Entre as estratégias da companhia estão a revisão da estrutura de custos, aceleração da produção de aeronaves e melhoria na relação com reguladores. A gigante da aviação precisará de um esforço significativo para reverter o cenário atual e voltar a um patamar de lucratividade nos próximos trimestres.