Não importa a função desempenhada. As mulheres estão presentes em todas as etapas da produção do café e o interesse delas pela cafeicultura, é cada vez maior. Embora não haja dados regionais dessa participação, pesquisa inédita da Embrapa Café, com base no último Censo Agropecuário, mostra que mais de 40 mil estabelecimentos rurais com produção de café são dirigidos por mulheres e outros 32,4 mil tem elas na codireção.
Na região de Franca, a Associação Cerejas do Café – grupo composto por mulheres relacionadas a cadeia do setor com o objetivo de promoção, capacitação e empoderamento – reúne 271 integrantes e neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, reconhece o avanço da presença feminina na cafeicultura. “A atuação das mulheres na cafeicultura tem acontecido cada vez mais de forma ativa. Por muitos anos, as mulheres foram vistas como coadjuvantes na cafeicultura. Atualmente, cada vez mais, elas estão ingressando nas decisões tanto da produção quanto da comercialização”, afirma Lais Peixoto Costa Faleiros, atual presidente da Cerejas.
Aos 34 anos, Lais vem de família de produtores de café e como a maioria das mulheres, sempre esteve ligada de forma indireta com as atividades relacionados ao grão. Há cinco anos, decidiu entender mais do universo de café, se especializou na área e hoje, atua no setor de exportação do grupo Eldorado (produtor de café) e da Cocapil (Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Ibiraci). Ela também responde como diretora de Relações Internacionais da da IWCA Brasil (Aliança Internacional de Mulheres do Café).
Também integrante da Associação Cerejas do Café, Elda Cardoso engrossa a estatística. Envolvida com cafeicultura há 12 anos, desde quando o marido saiu de Minas para fazer o plantio de café na região de Franca, ela se aprofundou no assunto. Fez pesquisas na Colômbia e cursos de diferentes mestres para se dedicar exclusivamente ao café especial. “Hoje, sou mestre de torra e faço todo o processo de pós colheita da minha marca, La Finca Brazil – Cafés Especiais. Escolho talhões que melhor serão aproveitados, faço rebenefício para separar as peneiras, a torra e toda a comercialização”, explica. O La Finca, inclusive é uma das 14 marcas de cafés especiais que estará presente na 2ª Alta Café (Feira de Negócios e Tecnologia da Alta Mogiana), por meio do Núcleo de Cafés Especiais da ACIF (Associação do Comércio e Indústria de Franca).
“Esse universo é bem democrático, dando as mulheres plena liberdade de mostrar seus conhecimentos e aceitam muito nossa participação em todos os ambientes que envolve essa bebida maravilhosa. Por isso, de seis anos para cá, o envolvimento das mulheres tem crescido de forma muito expressiva, nas lavouras, cafeterias, cursos, feiras”, destaca Elda. “Através de feiras, cursos, temos a oportunidade de conhecer mulheres engajadas do país inteiro nessa cadeia produtiva do café, fazendo com que a união de todas se torne ainda maior. Acho que o café realmente é uma das culturas que mais aceita as mulheres, desde o campo até a etapa final, que são as cafeterias”, completa.
Para Laís, que preside o Cerejas do Café, feiras como a Alta Café contribuem para agregar conhecimento e buscar novos mercados. “Eventos, cursos, palestras e feiras ligadas à cafeicultura são de extrema importância. Através deles, conseguimos melhorar as práticas agrícolas conseguindo mais qualidade e produção. Também conseguimos acessar diferentes mercados e, consequente, uma melhora na comercialização”.
Com entrada gratuita e a participação de mais de 60 expositores, a 2ª Alta Café acontecerá dos dias 22 a 25 de março, no Clube de Campo de Franca, das 8 às 17 horas.
AGRARISTAS
Prova de que as mulheres estão cada vez mais inseridas nesse universo, a Alta Café recebeu a confirmação da presença de uma Comissão de Mulheres Agraristas durante a feira. A entidade, sem fins lucrativos e vínculos governamental, reúne mulheres com o objetivo de aprofundar o estudo do Direito Agrário e áreas correlatas, bem como incentivar e defender a participação feminina no setor do agronegócio.