Em Mateus 10, 26-33, por três vezes Jesus disse aos apóstolos: “Não tenhais medo!” É uma insistência que revela duas situações: uma realidade de desafios e resistências no anúncio do Evangelho, e uma condição humana, que é o medo diante dos conflitos e crises.
Quando olhamos os personagens bíblicos, constatamos que a experiência do medo é frequente. São inúmeros exemplos narrados nas Escrituras: de confusão diante do chamado, desculpas para não assumir a missão, queixas, consciência da fragilidade, reconhecimento da pequenez, insegurança, condição de pecado, fuga, pedidos de proteção, sinais e provas da presença e proteção de Deus.
O medo tem sentido, pois faz parte da vida. Tem várias causas, podendo nos bloquear e até paralisar, atrapalhando e impedindo uma resposta, mas pode também ser fonte de aprendizado.
O Senhor é o único que tem a autoridade de dizer: “Não tenhais medo!” Ele sempre se apresenta como aquele que está junto, protege, dá apoio, fortalece, incentiva e cura do medo. A nossa vida e resposta estão em suas mãos. A missão é exigente, implica dificuldades, renúncias e desafios, mas o que Jesus pede não supera as possibilidades do ser humano.
“Foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos” (Rm 5,15). A fé e a confiança na graça sustentam a vocação e o seguimento de Jesus. Com ele, o jugo é suave e o peso é leve (Mt 11,30).
Peçamos que o Espírito Santo nos conceda o dom da fortaleza, a luz, a coragem, a força e a confiança para vivermos a fé e as suas consequências. Que o nosso Intercessor nos revista de vigor para vencermos as fragilidades e tribulações que normalmente convivem com a natureza humana.
“Nosso Deus atende à prece dos seus pobres, e não despreza o clamor de seus cativos” (Sl 68, 34).
Dom Paulo.
