O navio humanitário Ocean Viking, da ONG SOS Méditerranée, atracou nesta sexta-feira (9) no porto de Augusta, na região italiana da Sicília, com 572 migrantes a bordo.
O grupo foi resgatado em diversas operações de socorro ao longo da semana no litoral da Líbia, país cuja Guarda Costeira é acusada de prender deslocados internacionais em campos de concentração.
Todas as pessoas a bordo serão submetidas a exames RT-PCR para o novo coronavírus antes da transferência para estruturas de acolhimento.
A designação de um porto de destino para o Ocean Viking só foi feita pela Itália na última quinta-feira (9), após três dias de espera, causando mau humor nos partidos de direita e extrema direita da coalizão do premiê Mario Draghi.
“Esse é o enésimo ato de rendição da Itália à invasão de nosso território por parte de clandestinos”, afirmou o senador Maurizio Gasparri, do conservador Força Itália (FI), sigla liderada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Normas internacionais determinam que náufragos resgatados no mar devem ser levados ao porto seguro mais próximo, e tanto o governo italiano quanto a ONU já admitiram que a Líbia não se enquadra nesse critério, apesar de um acordo recente para tentar pacificar o país africano.
A Comissão Europeia, por sua vez, elogiou a decisão de Roma e se dispôs a coordenar a recolocação “voluntária” dos deslocados internacionais a bordo do Ocean Viking. “Pedimos a todos os países da União Europeia que participem do esforço, em um espírito de solidariedade e responsabilidade compartilhada na gestão da migração na Europa”, disse um porta-voz do Executivo da UE.
Segundo o Ministério do Interior italiano, o país já recebeu 22.920 migrantes forçados via Mediterrâneo em 2021, crescimento de quase 200% em relação ao mesmo período do ano anterior.