A Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsidade em documento usado pelo candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) para acusar um de seus adversários na disputa, Guilherme Boulos (PSOL), de uso de drogas e determinou a remoção do conteúdo das plataformas Instagram, TikTok e Youtube. Marçal divulgou um suposto laudo que atestaria que Boulos teria consumido cocaína.
O documento foi divulgado em vídeos nas redes sociais. As publicações foram feitas por Marçal na noite desta sexta-feira (4). Ao longo da campanha eleitoral, o candidato do PRTB fez insinuações contra Boulos sobre uso de drogas. Na última quinta-feira (3), durante o debate da TV Globo, Boulos apresentou um exame toxicológico para comprovar não ter consumido nenhuma substância.
Após a divulgação feita por Marçal do documento com indícios de falsificação, os advogados de Boulos entraram com uma representação na madrugada deste sábado (5) pedindo que o conteúdo seja retirado do ar.
O juiz eleitoral Rodrigo Marzola Colombini, que analisou o pedido feito pelos advogados de Boulos, considerou haver “plausibilidade nas alegações” que envolvem:
- falsidade do documento;
- proximidade do dono da clínica que gerou o suposto laudo com Marçal;
- documento médico assinado por profissional já falecido;
- data em que fatos foram divulgados, “justamente na antevéspera do pleito, de modo que impositiva a suspensão liminar dos vídeos impugnados”.
Na decisão, o juiz afirma que sendo “incabível a almejada suspensão liminar de todas as redes sociais do requerido Pablo Marçal e dos perfis @R.NOGUEEIRA e @IDENTIDADEDESUCESSO”, fica determinada a “pronta exclusão dos vídeos constantes”.
Entenda
Na sexta, logo após a divulgação do documento com indícios de falsificação, Guilherme Boulos (PSOL) informou que iria pedir a prisão de Pablo Marçal (PRTB), e a cassação da candidatura do concorrente à Prefeitura de São Paulo.
O suposto prontuário é assinado pelo médico Jose Roberto de Souza. O Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que o profissional já morreu.
Conforme apurado pelo g1, Luiz Teixeira da Silva Junior, dono da clínica Mais Consulta, que teria emitido o suposto laudo, já foi condenado por falsificar diploma de curso de medicina e ata de colação de grau.
O documento também contém dados incorretos de Boulos: o RG tem um número a mais. O nome da clínica aparece com a grafia incorreta. Há, ainda, erros de gramática, como o trecho em que aparece “por minha atendido”.
No início da madrugada deste sábado (5), o post foi apagado das redes sociais de Marçal, que não comentou o caso após a decisão de Boulos de levá-lo à Justiça.
Conteúdo nas redes
Em agosto deste ano, a Justiça Eleitoral já tinha determinado a suspensão temporária dos perfis em redes sociais de Pablo Marçal, que estavam sendo usados para monetização.
Após a suspensão, o candidato do PRTB criou contas reservas no Instagram, TikTok, Youtube, Whatsapp, Telegram e Gettr.
Inicialmente, Marçal tinha publicado o suposto laudo somente no Instagram e replicado no Tiktok. Na noite de sexta-feira (4), a publicação já tinha sido removida pelas plataformas. No Youtube, a live em que o documento é apresentado ainda continuava disponível na manhã deste sábado.
G1