“Como uma obra artística pode ajudar a elaborar e entender os sentimentos de perdas e angústias como o medo, a esperança e o cuidado?”. O grupo francano de música instrumental brasileira Quarteto Enredado busca incitar esse questionamento no documentário “Requiem: a arte como instrumento de reflexão em tempos de pandemia”, que será lançado nesta sexta-feira (25/10), às 19h, no Teatro Anália Franco da Escola Pestalozzi (unidade 1), em Franca, com exibição seguida de um show ao vivo e bate-papo. O filme, com recurso de acessibilidade em Libras, reúne múltiplas linguagens artísticas – música, artes visuais e literatura – e conta com a participação de cinco escritores/psicólogos.
O documentário, que estreia uma semana antes do Dia de Finados, ressoando com o significado da data, oferece uma reflexão poética e profunda sobre o luto e a memória dos que partiram durante a pandemia. No dia 2 de novembro, às 19h, no Celeiro – Espaço do Ser, uma segunda exibição especial será realizada, transformando o filme em uma homenagem simbólica aos mortos.
“O projeto nasce do desejo de entender como a arte pode nos ajudar a elaborar o luto e atravessar a dor que todos sentimos durante a pandemia de Covid-19. Acreditamos que pouco se falou, especialmente do ponto de vista artístico, sobre os impactos emocionais desse período, que reverberam na sociedade até hoje. Por isso, nosso objetivo é instigar as pessoas a refletirem sobre tudo o que vivenciamos coletivamente. Mais do que um documentário, é um convite para o público embarcar em uma jornada de experiência emocional profunda”, diz o contrabaixista Gabriel Terra, idealizador do grupo e diretor do documentário.
Com seis anos de trajetória e formação inédita de violão (Claryssa Pádua), viola caipira (Ronaldo Sabino), guitarra (Daniel Rached Palermo) e baixo acústico (Gabriel Terra), Quarteto Enredado se destaca por sua sonoridade original e autêntica, resultante da combinação de instrumentos de diferentes tradições musicais que refletem a diversidade da cultura brasileira.
Inspirado pelos ideais do Modernismo no Brasil, o grupo desenvolveu uma linguagem singular. Sua discografia conta com dois trabalhos autorais: “Alma Brasileira” (2022) e o EP “Requiem”, lançado em março deste ano, com obras compostas por Gabriel Terra durante o período da Covid-19.
A obra “Requiem” é dividida em cinco partes: Requiem 1 – Cuidado em Prelúdio, Requiem 2 – Insurgência, Requiem 3 – Fuga em Babel, Requiem 4 – Choro e Canção e Requiem 5 – Fantasia em Maracatu. Cada parte expressa as emoções e experiências vividas pelos membros do Quarteto Enredado no isolamento social e as adversidades da pandemia.
“Requiem” refere-se à tradicional composição sobre o texto litúrgico da missa dos mortos, que começa com as palavras latinas “requiem aeternam”, ou seja, “repouso eterno”. A pandemia deixou cicatrizes profundas na sociedade, resultando em perdas e angústias coletivas. No documentário, os músicos buscam responder à pergunta: “como uma obra artística pode ajudar a elaborar e entender esses sentimentos?”.
É esta obra musical o ponto de partida para a criação de poesias e reflexões sobre as emoções vividas nesse período. Para colaborar neste processo, cinco escritores/psicólogos, de diferentes gêneros literários, foram convidados a criar poemas inspirados em cada uma das músicas. São eles: Carlos de Assumpção (poeta, escritor, decano da literatura afro-brasileira e membro da Academia Francana de Letras), Cirlene de Pádua (escritora, membro da Academia Francana de Letras), José Antonio Pereira (psicólogo e escritor, membro da Academia Francana de Letras), Manuela Figueiredo (escritora e psicóloga) e Ramon Mocambo (escritor).
O documentário intercala a execução de cada música com as leituras dos poemas e depoimentos dos participantes. Para ampliar o impacto visual e poético, são utilizadas projeções durante as execuções, criando uma fusão de linguagens artísticas que une música, artes visuais e literatura.
“O filme tem como propósito discutir o luto a partir de uma perspectiva interdisciplinar, em uma experiência imersiva. Através das entrevistas, buscamos investigar a relevância da arte no processo de cura e transformação, estimulando o espectador a refletir sobre como as manifestações artísticas podem servir de suporte emocional e catalisar mudanças, principalmente em momentos de crise. Acreditamos que a arte é uma ferramenta vital para expressar sentimentos, compartilhar experiências e criar conexões, permitindo que cada um encontre sua própria forma de lidar com a dor”, explica a violonista Claryssa Pádua, produtora executiva do documentário.
O projeto conta com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, por meio da Prefeitura Municipal e da FEAC (Fundação Esporte, Arte e Cultura de Franca).
SERVIÇO
Documentário – ‘Requiem: a arte como instrumento de reflexão em tempos de pandemia’ – Quarteto Enredado
Assista ao documentário no YouTube – estreia 03/11: https://linktr.ee/quartetoenredado
Data: sexta-feira (25/10), 19h
Estreia + show: após a exibição do documentário, o grupo faz uma apresentação ao vivo da obra completa “Requiem”, seguida de bate-papo sobre o impacto da pandemia e o papel transformador da arte
Local: Teatro Anália Franco da Escola Pestalozzi – Rua José Marques Garcia, 197 – Cidade Nova – Franca/SP
Data: sábado (02/11), 19h
Exibição + bate-papo: o público poderá assistir ao documentário e participar de uma conversa com os artistas sobre a importância da arte no enfrentamento de momentos difíceis
Local: Celeiro – Espaço do Ser – Rua Agenor de Aquino Leite, 1559 – Vila Marta – Franca/SP