O Governo do Estado de São Paulo lançou, nesta terça-feira (8), no Palácio dos Bandeirantes, o projeto “Rotas do Café de São Paulo”, que reúne 57 atrativos turísticos ligados ao grão em 31 municípios. Entre as cinco rotas oficiais lançadas, a Rota Mogiana Paulista — que contempla os municípios de Franca, Pedregulho, Patrocínio Paulista e Cristais Paulista — ganhou atenção especial não apenas pelo potencial econômico da região, mas também pelo papel fundamental da empresária e cafeicultora Flávia Lancha, fundadora da Fazenda Bom Jesus (Café Labareda).
Conhecida nacional e internacionalmente pela qualidade de seus grãos à frente do Café Labareda, Flávia foi reconhecida publicamente pelas autoridades estaduais como a grande articuladora do projeto que agora integra oficialmente a Alta Mogiana ao mapa turístico do café em São Paulo.

“Tudo começou comigo em Franca durante convite da Flávia para conhecer sua fazenda. Começamos a conversar e ela deu a ideia de montar um projeto para criar novas vocações para Franca”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, durante a cerimônia. O reconhecimento também veio do secretário de Turismo, Roberto de Lucena, que reforçou o protagonismo de Flávia para a consolidação da rota.
Segundo a empresária, foram quase dois anos de articulações, planejamento e trabalho colaborativo com produtores, autoridades e lideranças locais até a consolidação da rota. “É um orgulho ver a nossa região reconhecida como destino turístico oficial do café. Isso representa desenvolvimento, emprego e visibilidade para quem trabalha com dedicação no campo”, afirmou a empresária.

Flávia explica que a Rota do Café não é um roteiro fixo ou fechado, mas sim um guia vivo e colaborativo das fazendas que estão preparadas para receber visitantes. “A princípio, as regiões foram organizadas a partir de um mapeamento feito com os produtores. Todas as fazendas interessadas responderam a um questionário indicando se estavam aptas a receber turistas, se contavam com estrutura e sinalização adequadas. Aquelas que atenderam aos critérios foram incluídas no guia oficial da rota”, explica. O objetivo é oferecer ao visitante uma variedade de experiências autênticas ligadas ao café, respeitando a vocação de cada propriedade e estimulando o turismo rural de forma sustentável.
A força da economia cafeeira em São Paulo
O impacto da cadeia produtiva do café na economia paulista é expressivo. Em 2023, a produção de café gerou R$ 7,2 bilhões no estado, que também ocupa o posto de terceiro maior produtor de café arábica do Brasil e o oitavo no ranking mundial, com 307,2 mil toneladas colhidas. Só em 2024, o café foi responsável por R$ 5 bilhões do valor da produção agropecuária paulista, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta).
Além da produção agrícola, o setor movimenta serviços, turismo e comércio. São Paulo concentra cerca de 40% das indústrias de torrefação do Brasil e é o estado que mais consome café no país — são cerca de 25 milhões de xícaras por dia só na capital paulista. Segundo o Caged (janeiro de 2025), mais de 12 mil profissionais atuam no cultivo de café no estado e outros 1,1 mil no comércio atacadista de grãos.
Com a nova rota, a expectativa é de crescimento na geração de empregos e na criação de novas empresas, especialmente ligadas ao turismo rural, gastronomia, hospedagem e experiências sensoriais em fazendas produtoras.
Rota Mogiana: tradição e sabor no interior paulista
A Rota Mogiana Paulista está inserida em um dos locais mais premiados do país, responsável por cafés especiais de altíssimo padrão. As cidades que compõem a rota — Franca, Pedregulho, Patrocínio Paulista e Cristais Paulista — são conhecidas por sua tradição cafeeira centenária, devido ao clima propício e solo fértil.
Durante o evento de lançamento, os cafés Labareda, Coronel e Moscardini, representando a Alta Mogiana, foram apresentados para degustação ao público e autoridades. A região contou ainda com a presença dos prefeitos Alexandre Ferreira (Franca), Aninha Montanher (Ribeirão Corrente) e Elson Gomes (Cristais Paulista), entre outros, que reforçaram o compromisso com o fortalecimento do turismo rural e da economia regional.
“A Rota do Café é mais do que uma rota turística. É uma forma de contar a história do nosso estado, gerar oportunidades e mostrar ao mundo o potencial do nosso interior”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas durante a cerimônia.
Roteiro inclui experiências autênticas e sustentabilidade
O projeto “Rotas do Café de São Paulo” integra fazendas históricas, museus, centros de pesquisa, cafeterias premiadas e vivências rurais em diferentes regiões do estado. Além da Rota Mogiana, outras quatro rotas foram lançadas:
- Rota Cuesta, Itaqueri e Tietê Paulista (Brotas, Dois Córregos, Dourado)
- Rota Circuito das Águas Paulista (Serra Negra, Monte Alegre do Sul, Amparo, Campinas)
- Rota Mantiqueira Vulcânica Paulista (Caconde, Espírito Santo do Pinhal, Águas da Prata)
- Rota Alta Paulista (Marília, Garça)
A iniciativa integra diversas secretarias estaduais e tem apoio da InvestSP, do Museu do Café (Santos) e do programa SP Produz, que fomenta Cadeias Produtivas Locais (CPLs). Para o segmento cafeeiro, três CPLs já foram reconhecidas: Divinolândia, Caconde e Torrinha.
Um novo marco para a Alta Mogiana e para o turismo paulista
O lançamento da Rota Mogiana Paulista representa um divisor de águas para o desenvolvimento econômico e turístico da região de Franca, gerando visibilidade nacional, fomentando novos negócios e fortalecendo a identidade do interior paulista.
Com mais de 300 novas cafeterias abertas desde 2022 e cerca de 40% das indústrias de torrefação do país concentradas em São Paulo, o estado se firma como referência não apenas em produção, mas também em inovação e consumo consciente do café. Franca e a região da Alta Mogiana, já conhecidas por sua excelência no grão arábica, agora se posicionam também como destinos turísticos de experiência, aprendizado e sabor.
Flávia Lancha reforça que essa conquista é coletiva. “Esse projeto não é só meu, é nosso. De cada produtor que abriu sua fazenda, de cada município que acreditou, de cada xícara que conta uma história. A Rota do Café é um convite para o Brasil — e para o mundo — conhecer a alma do nosso café.”
Irinéa Donizete/Assessoria de imprensa Flávia Lancha
Fotos: Divulgação Assessoria de imprensa Flávia Lancha