Em liberdade condicional desde 30 de maio último, Elize Matsunaga, escolheu Franca para morar e tentar se reinserir à sociedade, enquanto presta contas à Justiça. Elize protagonizou um dos crimes de maior repercussão nacional, quando há 10 anos atrás, matou e esquartejou o marido, o empresário Marcos Kitano Matzunaga, no apartamento do casal, na Zona Oeste de São Paulo. À época, Elize era bacharel de Direito e Marcos herdeiro da indústrias de alimentos Yoki. Ele tinha 42 anos à época e ela, 30.
Quando deixou o presidio feminino em Tremembé, Elize afirmou, em vídeo divulgado pela defesa, que estava “muito, muito feliz” com o novo momento e que acreditava que o marido, já a perdoou. Ela foi condenada inicialmente a 19 anos e 11 meses de cadeia, mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reduziu a pena para 16 anos e 3 meses de prisão.
Nesta segunda-feira, 28, acompanhada da advogada francana, Abadia Beretta, Elize foi ao Fórum de Franca para assinar documentos relacionados à liberdade condicional.
Abadia confirmou ao portal GCN que Elize está morando sozinha em um apartamento de 90 m2, na Zona Sul, comprado por ela em 2021 por R$ 230 mil à vista. O apartamento adquirido por ela quando ainda estava na prisão, fica no térreo de um prédio que conta com apenas mais um andar superior, compreendendo um bloco de quatro apartamentos.
Elize pretende trabalhar como costureira de roupas para animais de estimação e desta maneira ser reintegrada à sociedade para tentar levar uma vida normal. Ela quer vender os produtos online.
Perdão do marido
Ao deixar a penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior paulista, na presença do advogado Luciano de Freitas Santoro, em 30 de maio, Elize alegou ao G1 que não pode dar entrevistas devido a um contrato assinado com uma empresa audiovisual e ao livro que está escrevendo e deve ser lançado em breve, chamado “Piquenique no inferno”.
“Estou muito, muito feliz mesmo de ter vencido essa etapa, sei que teremos outras, uma nova etapa agora. Mas estou muito feliz por ter vencido, pelas pessoas que me apoiaram, pelas pessoas que compreenderam. Infelizmente não posso consertar o que passou, o que eu cometi, estou tendo uma segunda chance. Eu acredito na espiritualidade e acredito que ele [Marcos] já tenha me perdoado e peço por ele nas minhas orações”, disse Elize, hoje com 41 anos.
A filha de Elize e Marcos Matsunaga, que hoje tem 11 anos, vive com os avós paternos.
O recurso foi pedido à Justiça pela defesa dela e concedido pelo Departamento Estadual de Execução Criminal da 9ª Região Administrativa Judiciária, o Deecrim de São José dos Campos.
Com isso, ela passa o restante do tempo de pena em liberdade, tendo que cumprir algumas regras, como informar periodicamente a ocupação e o endereço à Justiça.
Trabalho na prisão
Na penitenciária, onde cumpriu pena ao lado de detentas em crimes que causaram grande repercussão, como Suzane von Richthofen e Anna Jatobá, ela trabalhou no regime semiaberto para diminuir a pena. Foi lá que ela conheceu a advogada francana Adriana Tellini, que também cumpria pena.
Elize trabalhou na área da costura, ganhou salário e pôde ter direito às saídas temporárias. Ela chegou a divulgar que investiria em um negócio de roupas para pets.
Recentemente, após ter participado de um documentário, anunciou sua autobiografia, intitulada “Piquenique no Inferno”, que escreveu à mão na prisão, para pedir perdão à filha, que está impedida de ver desde 2012.
Durante as saídas temporárias, Elize chegou a exibir cartazes e a passar mensagens para a filha – a família do marido a proíbe de ter contato com a filha do casal, segundo ela.
Histórico do crime
O crime foi cometido em 19 de maio de 2012 no apartamento do casal, na Zona Oeste de São Paulo, e teve repercussão na imprensa por envolver uma bacharel de Direito casada com um empresário herdeiro da indústrias de alimentos Yoki. Ele tinha 42 anos à época e ela, 30.
O empresário foi baleado na cabeça com uma das 34 armas que o casal tinha na residência. Quatro eram de Elize, incluindo a pistola usada no crime. As demais pertenciam a Marcos.
Elize alegou à época que atirou em Marcos para se defender dele, que discutiu com ela e lhe agrediu com um tapa no rosto ao descobrir que Elize havia contratado um detetive particular para seguir o marido. O profissional havia descoberto mais uma das traições do empresário e o filmou com uma garota de programa.
Marcos, que já havia sido cliente de Elize no passado, quando ela se prostituía, gritou, segundo a bacharel, que tiraria a guarda da filha dela e a mataria.
Com medo de novas agressões e ameaças, já que contou ser sido vítima de violência doméstica em outras ocasiões, ela teria disparado a esmo para se defender.
A previsão inicial, com a pena atualizada, é que ela deixasse a prisão em 2028.
Fotos: Wilson Araujo (TV Vanguarda) e reprodução
Com informações do G1