Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (9), o ministro da Justiça Flávio Dino informou que a Advocacia Geral da União vai cobrar prejuízos de quem praticou os danos nos atos golpistas em Brasília e confirma que 1,5 mil pessoas foram detidas.
“Faço questão de mencionar que foram realizadas as perícias pela Polícia Federal nos edifícios sede do Poder Executivo, Congresso Nacional e do Supremo. Perícias essas visando as instruções dos inquéritos, que estão sendo instaurados no âmbito da PF e também para promoção da responsabilidade civil, ou seja, esses laudos periciais dimensionando os danos e prejuízos, vão ser remetidos à Advocacia Geral da União para que cobre a indenização de quem perpétuo danos materiais, alguns irreparáveis em relação aos edifícios e ao patrimônio histórico ali alojado”, disse Dino.
No domingo, cerca de 209 pessoas foram presas em flagrante, informou Flavio Dino. No momento, aproximadamente 1,2 mil pessoas estão sendo ouvidas, totalizando 1,5 detenções ou prisões. “A imensa maioria se encontrava no acampamento situado no setor militar urbano, em Brasília”.
Em relação na tentativa de continuar os atos antidemocráticos, Flávio Dino informou que nove rodovias foram interditadas na noite deste domingo, mas foram desobstruídas sem resistência.
A Polícia Rodoviária Federal efetuou a apreensão de 40 ônibus, inclusive alguns em deslocamento, já na saída de Brasília. Segundo Dino, em um dos veículos foi encontrado uma arma de fogo, “o que mostra, infelizmente, uma preparação para atos de violência”.
Crimes
“O que nós vivenciamos ontem (8) um conjunto de crimes. Temos o crime de golpe de Estado, é esse o nome no código penal; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; crime de dano, inclusive qualificado; associação criminosa; lesão corporal, inclusive em relação aos profissionais de imprensa e queremos nos solidarizar. Portanto, múltiplas possibilidades de responsabilidades”, relatou Flávio Dino.
Extradição de Bolsonaro
Em conversa com jornalistas, o ministro da Justiça foi questionado sobre um possível pedido de extradição do ex-presidente Jair Bolsonaro dos Estados Unidos, como foi levantado por deputados do partido Democratas.
“Sobre extradição, é importante lembrar que é um procedimento jurídico, inclusive regrado por acordos internacionais e só é possível pedir a extradição de alguém que responde a algum processo criminal e o ex-presidente da República não está nessa situação”, conta. “Então, tecnicamente possível, neste momento, nós não temos nenhum elemento para solicitar a extradição do presidente Bolsonaro”, complementou Dino.
Ao ser questionado se a extradição não está descartada, Dino informou que em tese não, porque na vida “tudo é possível”. “Mas em relação à decisão do governo dos Estados Unidos, aí é soberania deles, que podem avaliar a permanência de um cidadão no seu território.
E-mail da Justiça para receber denúncias
Nesta segunda-feira, Dino informou que além das investigações que já estão em andamento, o Ministério da Justiça e Segurança Pública criou o e-mail denuncia@mj.gov.br para receber informações sobre atos de extremistas ocorridos neste domingo (8), em Brasília.
Segundo ele, a plataforma tem o objetivo de contar com a colaboração da sociedade e, até o momento, já receberam cerca de 13 mil e-mails. Uma equipe da pasta está fazendo a triagem das mensagens para que a responsabilidade penal vá além dos que estiveram presencialmente na Esplanada dos Ministérios, ou seja, “que cheguemos aos financiadores, aos organizadores”.
Se for necessário, Dino informa que poderá solicitar mandados de prisão temporária e preventiva. Ele diz que mandatos já foram expedidos e outros serão solicitados pela Polícia Federal.
Band Jornalismo