Cento e cinquenta e quatro funcionários da Calçados Ferracini, de Franca , foram desligados na manhã desta sexta-feira (15). Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Calçadista de Franca, todos eles trabalhavam no setor de produção da empresa.
Presidente do sindicato, Wellington Paulo de Oliveira informou ao g1 que dá toda assistência e respaldo aos trabalhadores demitidos. Segundo ele, a empresa enviou um documento onde nega que esteja deslocando a produção de Franca para uma cidade na Bahia e explica que as demissões se dão por conta da falta de pedidos nesta época do ano.
“No documento, ela fala que, formalmente, foram 154 funcionários e não está deslocando a produção para outro local, para outro estado. A questão é que, no momento, a incerteza sobre o pedido para o começo do ano fez a empresa estar fazendo essas demissões e que vai voltar a contratar no começo do ano, com prioridade para esses trabalhadores que estão sendo desligados agora”.
Em dezembro de 2022, 120 funcionários da Ferracini foram desligados também por conta dos baixos pedidos e, ainda segundo o sindicato, recontratados na sequência. Oliveira diz que esta nova demissão em massa deve seguir a mesma linha.
“Ano passado, a empresa fez também demissão no final do ano, cerca de 120 trabalhadores mais ou menos. O sindicato fez uma audiência junto com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público com o departamento jurídico da empresa e o RH, onde havia essa mesma especulação que estava retirando uma produção de Franca. Nessa audiência tem uma ata onde a empresa se comprometeu a, quando recuperasse a produção, estar recontratando os mesmos trabalhadores que estava desligando e esse documento que ela cedeu [agora] ao sindicato segue a mesma linha, que está demitindo, porém, no momento da recontratação, vai dar prioridade para estes que estão sendo desligados”.
Oliveira também informou que o sindicato vai acompanhar o caso para garantir que sejam pagas as devidas verbas rescisórias aos trabalhadores e dar todo o respaldo necessário.
Sindifranca diz que demissão não surpreende
Presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas de Franca (Sindifranca), José Carlos Brigagão disse ao g1que a demissão desta sexta-feira não surpreende, uma vez que indústrias do setor passam por uma crise no estado de São Paulo, muito por conta da carga tributária.
Apesar de a empresa negar que esteja deslocando a produção para outro estado, Brigagão vê uma movimentação para que isso, de fato, aconteça.
“Ou o estado de São Paulo entra na guerra fiscal ou vai ficar sem indústria, provocando desemprego. É o que está acontecendo. A indústria não tem fronteira, é questão de sobrevivência, ela não tem condição de sobreviver aqui, mas acha condições em outro estado, e vai embora mesmo”.
Segundo ele, o setor aguarda uma decisão, por parte da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, para promover a isonomia tributária.
Procurada pelo g1, a Sefaz informou que o Estado de São Paulo não tem competência para, unilateralmente, conceder benefícios fiscais, devendo sempre observar as Leis Complementares 24/1975 ou 160/2017, procedimento adotado para a concessão de todos os benefícios para o setor.