“Não adianta a gente mandar mensagem pra capitão (da PM). Ele não tá nem aí com nós (sic), não adianta por em mídia, mídia só quer Ibope. E não vai virar m… nenhuma, se a gente não se unir e não fazer (sic) algo aí. Pode ser que não vire, certo?, mas igual aquelas faixas que foram colocadas na cidade, ‘roubou na quebrada vai receber madeirada’. Poderíamos por na Estação, em frente a Caixa, Banco do Brasil, tipo assim, ‘senhores moradores de rua, roubou na quebrada vão começar a receber madeirada. Pra ver se diminui, porque não tem outra tática (…), ou nóis passa (sic) e mata todo mundo. Enquanto a gente não fazer (sic) nada, não vai resolver alí, entendeu?”
Este áudio em tom de desabafo, enviado por um comerciante da Estação a um grupo de WhatsApp, retrata bem a insegurança e impunidade que há meses imperam naquela importante região de Franca. Literalmente tomado por moradores de rua, que praticam diversos furtos e roubos, invadindo estabelecimentos comerciais, de madrugada, e, em algumas vezes até em plena luz do dia, sem serem incomodados pela Polícia Militar, que demonstra cada vez mais estar preocupada em manter a vigilância no Centro e em outros bairros, deixando o bairro da Estação totalmente desprotegido.
Para se ter uma idéia, este áudio viralizou nas redes sociais, horas depois de mais um ataque dos ladrões a uma loja de cortinas e persianas, no bairro da Estação.
Imagens das câmeras de segurança mostram o momento em que dois rapazes, um trajando bermuda verde e outro bermuda vermelha, escalam uma grade, e furtam toda a fiação do sobrado, na Rua General Carneiro, 494, por volta de 5h48. Veja o vídeo:
A audaciosidade dos moradores de rua parece não ter fim. Impunemente, eles já invadiram uma igreja evangélica, oficina mecânica, loja de decoração, furtaram câmeras de segurança de uma loja de recargas de cartuchos e impressoras, dentre outros delitos.
Para desespero das vítimas, quase nenhum caso foi esclarecido. A cada dia que passa, o problema se avoluma. Tanto, que os comerciantes não descartam contratar vigilância armada para conter o ímpeto dos ladrões. E a alternativa sugerida por outro comerciante neste domingo, de começar uma matança dos moradores de rua já começa a ganhar força à medida em que o prefeito Alexandre Ferreira e a própria Polícia Militar relutam em, ao menos, ouvir suas reivindicações.
Basta dar uma volta em torno do prédio da Mogiana para se observar a completa situação de abandono que o bairro foi deixado. Moradores de rua se aglomeram em camas improvisadas nas calçadas e até no coreto da praça Sabino Loureiro.
Alguns fazem necessidades fisiológicas ao ar livre, sem se importar com veículos e pedestres que transitam naquela região. É cada vez mais frequente o número de menores que lavam para-brisas dos carros em troca de moedas nos semáforos.
Alguns moradores de rua mais exaltados ainda tentam intimidar a imprensa. O caso mais recente ocorreu com uma equipe de reportagem do programa Balanço Geral, na TV Record Franca. Durante uma entrada ao vivo no programa apresentado por Thiago Valentim, o repórter Rafael Ribeiro por pouco não acabou agredido, no bairro da Estação.
Quanto a Prefeitura, quanto mais a imprensa cobra, mais o prefeito e seus asseclas ignoram, principalmente, pedidos de entrevistas sobre o assunto.
Até o radialista Marcelo Valim, da Rádio Franca do Imperador, interagiu com os comerciantes, em busca de solução para o problema. “A mídia não quer Ibope (…), aliás, não dá Ibope nenhum ficar falando de morador de rua todo dia. A gente fala porque vejo a luta de vocês (comerciantes). Sempre cobro no meu horário. Já cobrei do capitão Jean (Polícia Militar) também. Ele disse que iria melhorar o policiamento, mas até hoje isto não aconteceu.Só que quem tem de fazer alguma coisa são vocês. O mesmo imposto que vocês pagam, o pessoal do Centro paga. Por que o pessoal do centro tem Policia Militar, Guarda Civil Municipal, e não podem colocar aí (Estação) ao menos a Guarda Civil?. O ônibus (vigilância) tá lá queimando no sol, estragando, por que não o colocam na Estação, com 2,3 ou 4 guardas para uma ronda durante o dia, para dar mais segurança aos comerciantes?”, indaga Valim, acrescentando que os comerciantes devem ser mais unidos. “ O Alexandre (prefeito), não foi aí (Estação), conversou, falou que ia fazer e acontecer. Marquem uma reunião com ele. Daqui a pouco a Estação vai acabar. Banco já foi embora (…) tem um monte de barracão pra alugar e não se consegue aluga-los porque ninguém quer na Estação. (…) A rádio simplesmente vai mostrar os problemas que estão acontecendo, mas, atitude, quem vai ter de tomar é o prefeito, os vereadores em quem vocês votaram. Cobrem os vereadores, cobrem o prefeito. Tem de ser assim, gente, senão não vai pra frente mesmo não. (…) peçam reunião com o prefeito e com o comando da Polícia Militar. Pra multar, os caras (PM) estão metendo a caneta, sem dó. (…) Só pra vocês terem uma idéia, a Prefeitura arrecadou em 2020 mais de R$ 10 milhões só em multas. Dinheiro de multa tem de ser usado para comprar viaturas, investir na segurança pública. Não tá sendo investido p… nenhuma”.