A Polícia Civil indiciou o ex-padre Ernani Maria dos Reis, de 55 anos, por violência sexual contra três monges em Monte Sião (MG). Conforme a polícia, os crimes ocorreram dentro de um mosteiro, onde o padre era responsável.
Conforme as investigações, os monges eram subordinados a ele e passavam por processo seletivo para ingressarem no local.
Além de abuso e violência sexual contra vítimas do sexo masculino, as monjas também acusaram o padre de agressões, maus tratos e assédio moral.
Vítimas
Conforme a Polícia Civil, uma das vítimas, hoje com 41 anos, contou que o suspeito se aproximou dele com pressões psicológicas, além de manipulação, usando da vulnerabilidade dele acerca da perda do pai. Ele contou que o assédio e abusos começaram no ano de 2009.
Outra vítima, atualmente com 31 anos, relatou que após dois anos de estada no mosteiro, começou a acompanhar o padre em viagens curtas, quando em uma delas ocorreu o abuso, ao dormirem no quarto de motel reservado pelo suspeito.
Outra vítima, de com 41 anos, contou que o abuso ocorreu quando o padre o chamou para tratar de assuntos sobre um evento e quando chegou, o suspeito estava seminu, com uma taça de vinho. Durante a conversa, o padre o abraçou e começou a fazer carícias, e fazendo pressão e manipulação psicológica para que a vítima cedesse.
O que o padre disse à polícia
Conforme a Polícia Civil, o ex-padre investigado negou as acusações, mas confirmou ter tido relações sexuais com duas vitimas, porém, segundo ele, consensuais.
O Delegado de Polícia Civil, Daniel Leme, indiciou o suspeito por violência sexual mediante fraude, combinados com o crime de assédio sexual. O indiciado fica agora à disposição da Justiça.
Denúncias e afastamento da Igreja
As denúncias foram publicadas inicialmente pelo UOL e confirmadas pelo g1. O padre teria cometido os crimes sexuais entre os anos de 2011 até 2018, quando ele se afastou do mosteiro. As vítimas eram homens, com idades entre 20 e 43 anos, quando o assédio começou. Outras 11 pessoas, entre elas 10 mulheres, teriam sofrido constrangimentos e agressões verbais.
As denúncias teriam sido recebidas pela Igreja Católica, mas o padre só foi afastado depois que ele mesmo pediu para sair do mosteiro.
O g1 entrou em contato com a Arquidiocese de Pouso Alegre, que informou que o padre foi afastado da comunidade em 2018. A nota diz ainda que o próprio citado quis a renúncia ao clero e que foi dispensado do celibato e de todas as outras obrigações pelo Papa Francisco. A Arquidiocese orientou, na nota, que os fiéis não devem procurar o religioso para solicitar sacramentos.
A Arquidiocese também informou que todas as medidas cabíveis foram tomadas e que as possíveis vítimas foram acolhidas em confissão, apoio financeiro e também psicológico.
Em 2018, Ernani foi afastado por um ano por causa das acusações de abuso sexual e conduzido para uma clínica de reabilitação espiritual no Paraná, onde ficou por seis meses. Após este período, Ernani renunciou ao celibato.
Ainda de acordo com o chanceler, Ernani não pode ser punido pela igreja, uma vez que não é mais padre. Apesar de ter assinado a renúncia ao celibato em 2018, a Arquidiocese de Pouso Alegre informou que na última semana recebeu a confirmação de que o Papa Francisco dispensou oficialmente Ernani do celibato e das demais obrigações inerentes ao estado clerical.
Ernani Maria dos Reis, que hoje mora em Franca (SP), foi procurado, mas não respondeu ao pedido de entrevista.
Por g1 Sul de Minas