A Esac (Escola de Aprendizagem e Cidadania) de Franca está tendo sérias dificuldades para honrar compromissos financeiros com fornecedores e até funcionários que atuam na Área Azul. O alerta é da diretora Administrativa da Esac, mais conhecida como Guarda-Mirim, Geraldine Fuga.
Em entrevista exclusiva ao repórter Alexandre Silva, da rádio e portal Fato no Ato, Geraldine afirma que os problemas, que já não eram poucos, se agravaram a partir da chegada da pandemia causado pelo novo coronavírus no Brasil.
“Nós administramos a Área Azul. Ficamos vários dias em lockdown sem poder trabalhar. O movimento no Centro ficou fraco, com bancos, lojas, lotéricas fechados. A gente foi acumulando dívidas. Hoje a Esac tem os funcionários da Área Azul sem receber e alguns fornecedores também, além de alguns encargos”, observa Geraldine.
Gráficas, convênio médico para os funcionários, medicina no trabalho, são alguns dos fornecedores que aguardam há meses um acerto com a Esac.
Em entrevista exclusiva ao repórter Alexandre Silva, da rádio e portal Fato no Ato, Geraldine afirma que os problemas, que já não eram poucos, se agravaram a partir da chegada da pandemia causado pelo novo coronavírus no Brasil.
Segundo Geraldine o único contrato que a entidade tem com a Prefeitura é o que lhe dá direito a explorar o serviço de Área Azul. A parceria foi iniciada em 2005 e o contrato rege que a tarifa de Área Azul deve ser reajustada anualmente. Porém, o serviço ficou sem majoração por 112 meses. O último aumento ocorreu em janeiro de 2019, no governo Gilson de Souza. “Assim mesmo não foi o percentual que está no contrato. À época, Gilson de Souza nos prometeu uma subvenção para custear a diferença do percentual a que tínhamos direito, em torno de R$ 150 mil. A Câmara aprovou o repasse, porém, Gilson não cumpriu com a palavra dele e nem com o que foi acordado com a Câmara”, reclama Geraldine.
A diretora da Esac afirma que a Área Azul hoje é tão deficitária que não cobre nem o pagamento dos salários dos funcionários. “Todo ano os funcionários recebem um reajuste nos salários via sindicato, o que onera ainda mais a nossa folha de pagamentos. Só que a nossa fonte de receita não teve reajuste. Então, a gente vem acumulando esta dívida”.
Geraldine diz que está cansada de tantas promessas não cumpridas. “De emendas parlamentares, muito pouca coisa fica efetiva, na realidade. Andamos cansados de promessas de políticos que não são cumpridas”.
A situação é tão caótica que a Esac está em estado de falência. A quinzena e o décimo terceiro dos funcionários, ainda não foram pagos. A diretoria da entidade não mede esforços para realizar eventos em busca de recursos, porém, por mais que arrecadem não tem sido suficiente.
Para se ter uma idéia, a própria Geraldine não recebe salários desde abril. “Eu não sou arrimo de família, então, pra mim é mais fácil, mas e a minha funcionária, que tem 2, 3 filhos, paga aluguel, água, luz? Então, é muito triste ver uma situação destas”, observa.
A situação é mesmo desesperadora. Caso não consiga recursos a curto prazo, a Esac poderá perder até a CND (Certidão Negativa de Débitos) e, com isto, terá de fechar as portas.
Com a receita da Área Azul a Esac custeia o atendimento a 500 adolescentes. “Temos 180 aprendizes nas empresas, e o restante está em treinamento para entrar. São pessoas vulneráveis que poderão deixar de serem atendidos”, alerta Geraldine, acrescentando que a cada abertura de processo seletivo, longas filas se formam em busca de atendimento na Esac.
“Em Franca, são poucas entidades que fazem a preparação e o encaminhamento do jovem ao mercado de trabalho, como a nossa instituição faz.Totalmente gratuito e para o público que mais precisa. Minha preocupação não é com meu emprego, meu salário e, sim, se fechar uma instituição de 52 anos, pra onde irão estes jovens, quem irá atender a esta população mais carente?”, questiona Geraldine.
Para reforçar sua tese, Geraldine lembra que, em setembro último, por conta da pandemia, a Esac abriu processo de inscrição online e teve 1.011 inscritos. Todos aguardando serem chamados por nossa instituição. Caso a gente não possa atende-los, certamente o número de jovens nos semáforos irá aumentar”, alerta a diretora da Esac, também conhecida como Guarda-Mirim.
Câmara Municipal
Geraldine também cobra maior valorização da Esac pelo poder público. O auxílio via Câmara Municipal é visto com bons olhos pela entidade, porém ele quase não chega ou chega tardiamente. Num exemplo mais recente, Geraldine se recorda que há poucos meses, o presidente da Câmara, Claudinei da Rocha, intermediou junto ao deputado federal Baleia Rossi, recursos de uma emenda parlamentar da ordem de R$ 50 mil, porém, a liberação do dinheiro, a ser usado para pagar salários dos funcionários, está emperrado na Prefeitura de Franca. Da parte da Esac, a documentação está em dia. Através de outro deputado federal, cuja identidade não foi revelada, a Esac recebeu equipamentos apreendidos e liberados pela Receita Federal para a entidade. Os produtos serão vendidos em bazares da Esac. “A gente faz eventos, como venda de pão de queijo, pizza, rifas, bazar, para conseguir recursos. Mas não adianta eu levantar R$ 3 mil com venda de pão de queijo para uma instituição que tem R$ 250 mil em dívidas”, ressalta Geraldine, acrescentando que o deputado Roberto Engler tem auxiliado a Esac com recursos de emendas parlamentares para a compra de equipamentos. “ Quanto à deputada delegada Graciela, nunca estive com ela, portanto, não sei dizer se ela pode nos ajudar ou não”.
A Esac conta hoje com 64 funcionários. Destes, 45 são ligados à parte administrativa e à Área Azul. Todos com salários atrasados. Geraldine afirma ainda que o penúltimo pedido de aumento na tarifa da Área Azul foi entregue ao prefeito Alexandre Ferreira no dia 11 de janeiro de 2021. Como não obteve resposta, talvez, por conta da pandemia, ela protocolou uma nova solicitação no início de dezembro.
Nem ao menos aporte financeiro oriundos de eventos públicos a Esac recebeu. Quem quiser auxiliar a entidade pode entrar em contato na própria instituição, localizada na Avenida Champagnat, 1.808, Centro; ou pelas redes sociais da Esac, como Instagran e facebook, com a própria Geraldine Fuga.