Por unanimidade, a Câmara do Rio cassou, nesta quarta-feira (30), o mandato de vereador de Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) – réu pelo assassinato do menino Henry Borel, de 4 anos. Com a decisão, Jairinho também perde os direitos políticos pelos próximos oito anos.
A cassação do agora ex-vereador também é histórica. Foi a primeira vez que um representante do parlamento carioca perdeu o cargo por deliberação de outros vereadores. A votação foi unânime: 49 vereadores participaram da sessão e disseram “sim” à cassação de Jairinho. Apenas o vereador Dr. Gilberto (PTC) não votou por estar de licença médica.
No lugar de Jairinho, assume Marcelo Diniz Anastácio, que deve ser convocado para a diplomação no cargo de vereador na próxima sexta-feira (2). A cerimônia deve ocorrer no início da próxima semana. Após a divulgação do resultado, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) leu para o plenário uma mensagem que disse ter recebido do pai de Henry, Leniel Borel.
No texto atribuído a Leniel, o pai da criança – morta em março deste ano – disse agradecer o carinho de todos os vereadores e que a cassação de Jairinho significa que a justiça está sendo feita. Na mensagem, Leniel também chamou o ex-vereador de “monstro”.
Tráfico de influência
Durante a sessão, vereadores que se inscreveram para discursar chamaram a atenção para o testemunho de um executivo da área de saúde que afirmou à polícia que Jairinho tentou evitar que o corpo de Henry fosse levado para o IML (Instituto Médico Legal). Na avaliação dos vereadores, essa tentativa configuraria tráfico de influência.
A sessão no plenário foi marcada depois que o Conselho de Ética da Câmara de Vereadores aprovou, também por unanimidade (7-0), na segunda-feira (28), o relatório pedindo a cassação do mandato de Jairinho. Ele e a namorada, a professora Monique Medeiros, estão presos desde o dia 8 de abril acusados de matar o menino Henry, filho de Monique, no dia 8 de março.
O relator do caso no Conselho de Ética, vereador Luiz Ramos Filho (PMN), afirmou que os indícios de agressões de Jairinho contra o menino Henry Borel, resultando na morte da criança, foram decisivos para que o afastamento do mandato fosse levado à frente:
“Não restou alternativa a esta Casa de Leis senão a instauração do presente procedimento com vistas a apurar o cometimento de ato incompatível com o decoro parlamentar pelo Senhor Vereador Jairo José Santos Junior – Dr. Jairinho”.
G1
Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio/Divulgação