A guerra entre Rússia e Ucrânia já começou a afetar os investimentos. O principal índice de ações da B3 na Bovespa está em queda de 2% nesta quinta-feira (24) e deve fechar o dia ainda mais para baixo.
Além do conflito em si, os pronunciamentos do presidente russo, Vladimir Putin, também estão impactando nos negócios, tendo em vista que ele declarou que qualquer país que tentar intervir em seus planos sofrerá “consequências jamais vistas”.
Com os mercados a flor da pele, o dólar já está em alta em vários países e segue essa tendência no Brasil, depois de ter vivenciado uma sequência de quatro quedas consecutivas.
Dólar, commodities e petróleo em alta
Ao contrário dos índices das Bolsas, as commodities estão registrando fortes altas, principalmente por conta da ameaça de sanções aos produtos russos.
Sendo um substituto do gás natural na Rússia, o petróleo também disparou e já registra aumento de mais de 7% no preço do barril, sendo cotado acima de US$ 100 pela primeira vez desde 2014.
Com o petróleo em alta, certamente os brasileiros sentirão novos reajustes nas bombas nos próximos dias, fazendo com que o custo de vida aumente ainda mais, como analisa o especialista em Direito Internacional, Leonardo Leão.
“Temos na zona de guerra a Rússia que é um dos maiores produtores de petróleo no mundo, com capacidade de produção de mais de 10 milhões de barris por dia. O país é ainda o maior fornecedor de gás natural da Europa, o barril já bateu o preço de mais de US$ 100, isso faz com que tenhamos de imediato mais aumento no preço dos combustíveis no Brasil, a Rússia também é o polo de exploração e produção de diversas outras commodities, como minérios e grãos. A exportação desses bens também deve ser dificultada pelas sanções, causando ainda mais danos”, alerta Leão.
Reflexos no dólar
O dólar, que estava sendo vendido a R$ 5 na quarta-feira, já está cotado a R$ 5,14, isso às 13h desta quinta-feira (24). Por isso, investir na moeda norte-americana pode ser um bom negócio no atual momento, como explica a especialista em investimentos.
“O dólar, que é uma moeda forte, tende a se valorizar neste cenário frente à outras moedas especialmente dos países emergentes. Tivemos um grande fluxo de entrada de recursos estrangeiros no país em 2021 e nestes primeiros dias do ano de 2022 e, com isso, o dólar caiu e o Real se valorizou fortemente. Com este cenário de tensão, o dólar voltou a subir. No momento em que respondo esta pergunta, o dólar hoje valorizou 2,61%, ou seja, é um investimento pouco recomendável”.
Criptomoedas em queda catastrófica
A invasão da Rússia na Ucrânia não está causando apenas destruição e mortes. O valor das criptomoedas foi afetado drasticamente e o Bitcoin atingiu a maior baixa desde o dia 24 de janeiro, fazendo com que os investidores vendessem rapidamente os ativos mais arriscados.
Sendo a criptomoeda mais popular do mundo, o Bitcoin já caiu cerca de 9% e está sendo orçado a US$ 35,5 mil, de acordo com o CoinMarketCap.
Segundo Luciana Ikedo, os criptoativos devem permanecer em queda, situação que até poderia ser um atrativo para compras, mas como o cenário é de guerra, tudo indica que o mercado das criptomoedas sofrerá fortes abalos, sendo um investimento ainda mais arriscado no atual cenário de incertezas.
“Para o investidor digo: todo tempo de guerra, é tempo de incerteza. Nesse caso, o investidor precisa ter cautela ao alocar ou realocar seus investimentos em ativos relacionados diretamente a esse conflito, como petróleo e minerais. Assim, evita grandes variações relacionadas a essa escalada dessa guerra”, disse o analista econômico e político Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital e pós-graduado em Mercado financeiro e de capitais.
Bolsas caem mundo afora
O cenário sombrio também se reflete nas Bolsas: Frankfurt e Milão caíram 4,5% ao longo da manhã, enquanto a da Rússia teve uma queda de mais de 30%. Os índices de Wall Street recuaram entre 1,5% e 2,5%.
Portanto, a dica dos especialistas para quem pretende investir nos próximos dias é cautela e muito estudo do mercado antes de qualquer aplicação. Diversificar os ativos e manutenção da liquidez são atitudes essenciais, como explica Luciana Ikedo ao Olhar Digital.
“A minha principal dica é de que o investidor tenha muita clareza sobre qual a sua estratégia no curto, médio e longo prazo e que não esqueça da reserva de emergência, reserva de oportunidade e da diversificação dos ativos. Certamente, aqueles que mantém um pouco de liquidez nestes momentos mais turbulentos, são os que mais se beneficiam fortemente”, orienta Ikedo.