O Atlético-MG é tricampeão brasileiro. A Confederação Brasileira de Futebol reconheceu o pleito do clube, nesta sexta-feira, para transformar a conquista “campeão dos campeões” de 1937 como título nacional, análogo à Série A do Campeonato Brasileiro. Agora, o Galo é tri e volta a ser considerado o primeiro campeão nacional! Veja a lista atualizada com todos os campeões brasileiros.
A homologação foi realizada pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e por outros membros da entidade em reunião, nesta sexta, no Rio de Janeiro com a cúpula de membros do Atlético-MG. Nas redes sociais, o clube celebrou a conquista em postagem com a taça de campeão.
O Galo foi representado pelo vice-presidente José Murilo Procópio, por Ricardo Guimarães, presidente do Conselho Deliberativo do clube, e por Rubens Menin, membro dos 4R’s e um dos acionistas da SA do clube. A CBF confirmou, em contato com a reportagem, a decisão de reconhecer a conquista do time alvinegro.
O documento confeccionado pela CBF é assinado pelo presidente da entidade e outros integrantes. Nele, foi entendido que o “Torneio dos Campeões disputado em 1937 foi sim extremamente relevante à época em meio aos debates e divisões geradas no futebol brasileiro em função da defesa da implementação do profissionalismo entre os clubes”.
O campeonato de 1937 é tratado como “pioneiro” na conclusão da análise da CBF. A homologação do título será comunicada à Conmebol e também a Fifa. A conquista não valerá para ganho de pontos do Galo no Ranking Nacional de Clubes e nos rankings da Conmebol e da Fifa.
O Atlético consegue o reconhecimento às vésperas de inaugurar a Arena MRV, que será o palco do jogo Galo x Santos neste domingo, pela 21ª rodada do Brasileiro. Um dia de comemoração para a comunidade do clube mineiro, com a chegada de vez da nova casa e agora o título de 1937.
O pedido do Galo
O pleito levou mais de 20 meses com vários encontros formais e informais entre Atlético e CBF. No fim de 2021, logo após a conquista do Brasileirão e da Copa do Brasil, a gestão de Sérgio Coelho passou a pensar seriamente no pedido de reconhecimento do título conquistado há 86 anos.
A situação ganhou corpo em fevereiro de 2022. Durante a disputa da Supercopa do Brasil contra o Flamengo, em Cuiabá, a reportagem recebeu de uma fonte o dossiê completo “Atlético-1937”. Em 8 de março de 2022.
O dossiê ficou mais robusto e foi entregue para a análise da CBF. Ele passou para estudo e veredito de três departamentos da confederação que administra o futebol brasileiro: jurídico, governança e de competições. Ednaldo Rodrigues já estava na presidência, mas foi trocando cargos ao longo da gestão, inclusive dos chefes dos departamentos citados.
O dossiê de 1937 ganhou o crivo do presidente da CBF após o “sim” de membros da entidade, como Hélio Santos Menezes Junior (Diretor de Governança e Conformidade), Gamil Föppel (Jurídico), Júlio Avellar (Diretor de Competições), os diretores dos respectivos departamentos. Ednaldo Rodrigues é quem formalizou o convite para o Atlético comparecer à CBF nesta sexta.
Sérgio Coelho, entusiasta do assunto e líder do órgão colegiado na busca pelo reconhecimento, já prepara o seu relatório final de gestão como presidente do Atlético (2021-2023). Promete ser breve, mas irá incluir a batalha para o conhecimento do título de 1937 entre as conquistas da sua administração.
O título de 1937
O Atlético foi campeão mineiro de 1936. Na época, o comando do futebol era dividido entre federações nacionais.
A Federação Brasileira de Futebol (FBF), então, resolveu organizar o Campeonato Brasileiro de Clubes em 1937, com os campeões estaduais de Minas Gerais, do Rio de Janeiro (então capital federal), São Paulo e Espírito Santo. Na época, o Estado de São Paulo não pertencia à região sudeste, era uma outra divisão estadual que vigorava no mapa geográfico.
O Atlético venceu Portuguesa de Desportos, Fluminense (um dos times mais fortes do Brasil na época) e o Rio Branco para se sagrar campeão dos campeões de 1937. Foi tratado como campeão nacional, até porque a disputa do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais havia sido interrompido justamente naquele ano. A FBF tinha os clubes profissionais como afiliados, e a CBD seguia com os times amadores, além da seleção brasileira.
Quando o Atlético foi campeão brasileiro de 1971, a cobertura do jornal O Globo trazia em uma de suas retrancas a manchete: “O Atlético obteve 1º título de campeão nacional em 37”, dando indícios de como era visto aquela façanha.
No dossiê do Galo, também foi utilizado, como argumento, o fato de a CBF, em 2010, ter reconhecido os títulos do Robertão e Taça Brasil de Bahia, Santos, Cruzeiro, Botafogo, Palmeiras e Fluminense como campeões brasileiros, por meio do princípio da isonomia.
“À vista do exposto, conclui-se que o Clube vencedor do campeonato nacional da temporada de 1937, intitulado Campeão dos Campeões, e amplamente reconhecido como tal pela mídia e pela sociedade – o Clube Atlético Mineiro -, faz jus, por conseguinte, ao reconhecimento do título de CAMPEÃO BRASILEIRO daquele ano, o que se requer, mediante a entrega simbólica do Troféu correspondente” (Trecho do ofício que o Galo enviou à CBF).
Os campeões de 1937 reuniam jogadores com passagens importantes pelo Atlético, que, agora, poderão se juntar ao time de 1971 e ao esquadrão de 2021. O goleiro Kafunga, o zagueiro Zezé Procópio, os atacantes Nicola, Guará e Paulista são ícones que passam a ser revisitados e valorizados pela homologação da conquista. Eles foram comandados pelo técnico Floriano Peixoto, uma histórica figura do futebol de seu tempo, que pontuou assim o torneio:
– Enfim, tudo acabou. Sinto-me satisfeito em ter levado para Minas o primeiro campeonato nacional. E o Athletico, o líder dos clubes montanheses, bem mereceu tão honroso título.
Veja a lista com todos os campeões brasileiros
- 1937 – Atlético-MG
- 1959 – Bahia
- 1960 – Palmeiras
- 1961 – Santos
- 1962 – Santos
- 1963 – Santos
- 1964 – Santos
- 1965 – Santos
- 1966 – Cruzeiro
- 1967 – Palmeiras (Taça Brasil e Robertão)
- 1968 – Botafogo (Taça Brasil) e Santos (Robertão)
- 1969 – Palmeiras
- 1970 – Fluminense
- 1971 – Atlético-MG
- 1972 – Palmeiras
- 1973 – Palmeiras
- 1974 – Vasco
- 1975 – Internacional
- 1976 – Internacional
- 1977 – São Paulo
- 1978 – Guarani
- 1979 – Internacional
- 1980 – Flamengo
- 1981 – Grêmio
- 1982 – Flamengo
- 1983 – Flamengo
- 1984 – Fluminense
- 1985 – Coritiba
- 1986 – São Paulo
- 1987 – Sport*
- 1988 – Bahia
- 1989 – Vasco
- 1990 – Corinthians
- 1991 – São Paulo
- 1992 – Flamengo
- 1993 – Palmeiras
- 1994 – Palmeiras
- 1995 – Botafogo
- 1996 – Grêmio
- 1997 – Vasco
- 1998 – Corinthians
- 1999 – Corinthians
- 2000 – Vasco
- 2001 – Athletico-PR
- 2002 – Santos
- 2003 – Cruzeiro
- 2004 – Santos
- 2005 – Corinthians
- 2006 – São Paulo
- 2007 – São Paulo
- 2008 – São Paulo
- 2009 – Flamengo
- 2010 – Fluminense
- 2011 – Corinthians
- 2012 – Fluminense
- 2013 – Cruzeiro
- 2014 – Cruzeiro
- 2015 – Corinthians
- 2016 – Palmeiras
- 2017 – Corinthians
- 2018 – Palmeiras
- 2019 – Flamengo
- 2020 – Flamengo
- 2021 – Atlético-MG
- 2022 – Palmeiras
*Em 1987, o Flamengo conquistou a Copa União. Depois de longa batalha judicial, o Supremo Tribunal Federal determinou, em 2018, que o Sport seja reconhecido como o campeão brasileiro de 1987.
Confira os maiores campeões do Brasileirão:
- Palmeiras – 11 (1960, 1967, 1967, 1969, 1972, 1973, 1993, 1994, 2016, 2018 e 2022)
- Santos – 8 (1961, 1962, 1963 , 1964 , 1965 , 1968, 2002 e 2004)
- Flamengo – 8 (1980, 1982, 1983, 1987, 1992, 2009, 2019 e 2020)
- Corinthians – 7 (1990, 1998, 1999, 2005, 2011, 2015 e 2017)
- São Paulo – 6 (1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008)
- Cruzeiro – 4 (1966, 2003, 2013 e 2014)
- Fluminense – 4 (1970, 1984, 2010 e 2012)
- Vasco – 4 (1974, 1989, 1997 e 2000)
- Atlético-MG – 3 (1937, 1971 e 2021)
- Internacional – 3 (1975, 1976 e 1979)
- Bahia – 2 (1959 e 1988)
- Botafogo – 2 (1968 e 1995)
- Grêmio – 2 (1981 e 1996)
- Athletico-PR – 1 (2001)
- Coritiba – 1 (1985)
- Guarani – 1 (1978)
- Sport – 1 (1987)
Créditos: Globo Esporte