Na noite de ontem, o Sesc Franca foi palco de uma apresentação memorável da peça A Falecida, clássico de Nelson Rodrigues, protagonizada pela talentosa atriz Camila Morgado e Thelmo Fernandes. O evento trouxe não apenas uma interpretação marcante da obra, mas também momentos de reflexão sobre a arte e a história brasileira.
A Falecida: A intensidade de Nelson Rodrigues em cena
Camila Morgado, que dá vida à complexa personagem Zulmira, destacou o desafio e a intensidade de interpretar um dos papéis mais emblemáticos da dramaturgia brasileira. “Zulmira é uma personagem cheia de nuances. Ela transita entre o amor profundo, o ódio e a inveja, buscando uma redenção em meio à sua condição de invisibilidade social”, afirmou a atriz durante a entrevista. Segundo ela, o texto, escrito em 1953, continua extremamente atual ao abordar temas como frustração, isolamento e o desejo de ser reconhecido.
Ao lado de Thelmo, seu parceiro de cena, Camila ressaltou a relevância contemporânea do enredo. “O casal central é marcado por uma profunda incapacidade de comunicação, algo que ainda ressoa nos dias de hoje. Zulmira busca ser vista através da ideia de um enterro luxuoso, o que é uma potênte metáfora sobre como muitos lidam com a necessidade de reconhecimento”, explicou Telmo, acrescentando que a falta de diálogo e a frustração pessoal tornam a trama incrivelmente identificável.
Confira a entrevista exclusiva de Camila Morgado ao jornalista e editor chefe do Portal FNT, o Cairo Still:
Camila também comentou sobre a experiência de trabalhar com os textos de Nelson Rodrigues. “Quando lemos as peças de Nelson, temos uma ideia; mas, ao encenar, entendemos a potência de sua escrita e como ele captura a alma brasileira. Interpretar Zulmira é um privilégio e um desafio emocional”, destacou.
Olga: Resistência e relevância histórica
Camila Morgado também refletiu sobre sua atuação no icônico filme Olga (2004), que marcou profundamente sua carreira. Ao ser questionada sobre a relevância da história de Olga Benário no contexto atual, a atriz enfatizou a importância da arte como meio de reflexão e resistência.
“Olga é uma história de luta pela democracia, algo que permanece urgente. A arte tem o poder de revisitar a história para nos lembrar do que não pode se repetir”, afirmou. Camila também elogiou o recente filme Ainda Estou Aqui, protagonizado por Telmo, destacando como a produção também aborda questões fundamentais para a sociedade brasileira. “A arte ocupa um espaço essencial na reflexão e no diálogo. Filmes como Olga e Ainda Estou Aqui nos lembram da importância da resistência e da democracia”.
A relevância do Sesc na promoção da cultura
Durante a entrevista, Camila e Telmo também elogiaram o papel do Sesc Franca e do circuito Sesc na difusão da arte e da cultura no Brasil. “O Sesc é essencial para levar experiências como essa ao público. Eventos como esse mostram como a cultura transforma e impacta as pessoas”, finalizou Camila.
A apresentação de A Falecida no Sesc Franca não foi apenas um evento teatral, mas uma oportunidade única de refletir sobre os dilemas humanos e sociais através da potência de um texto atemporal e de atuações brilhantes. Um marco para a cultura na região.
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