Após a agressão de duas mulheres dentro do Camarote Privilege da Expoagro, as vítimas contrataram uma advogada e se dirigiram ao plantão policial neste domingo para registrar a ocorrência. Foi informado que a confusão teve início porque os agressores se incomodaram com a falta de espaço no local, o que eles teriam atribuído à presença de uma cadeirante.
À reportagem, a advogada das vítimas, Dra. Tassiane Silva, esclareceu que a cadeirante e sua sobrinha pediram ajuda para se aproximar do palco, o que foi atendido por várias pessoas em razão da dificuldade de locomoção. Foi nesse momento que as vítimas fizeram amizade com a senhora e chegaram a tirar sua mesa pra dar mais espaço à cadeira, quando começou a discussão pelo casal agressor.
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Foi apurado que no espaço do camarote não há área destinada aos cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida, nem mesmo corredor de evacuação de emergência para as pessoas com deficiência. O acesso à parte superior do camarote também possui degraus impossibilitando a locomoção dessa parcela de público, o que fere a lei de acessibilidade e deve ser investigado pelo Ministério Público.
Em 2021 a associação que explora a Festa de Peão de Limeira foi processado por problemas em camarote explorado por uma empresa de bebidas. Um cadeirante que se viu impossibilitado de aproveitar o evento devido às condições do camarote pediu indenização pois ao chegar local teve dificuldades de ingresso e precisou ser carregado escada acima, ainda não pode ver o show já que o parapeito tinha 1,5 m de altura, condições bem semelhantes às encontradas nos camarotes Privilege e Golden.
Na decisão a ministra do STJ Nancy Andrighi declarou que todas as empresas que atuaram na organização e administração da festa integram a mesma cadeia de fornecimento, sendo assim todas responsáveis pelos danos ocorridos em virtude de falha na prestação do serviço. Nesse entendimento, a prefeitura municipal de Franca também poderá sofrer consequências jurídicas.
Resta aguardar o posicionamento do Ministério Público, da Prefeitura Municipal, do Conselho da Pessoa com Deficiência, da Comissão de Pessoas com Deficiência da Câmara, da APAE Franca e da Associação dos Deficientes Físicos de Franca e região, a respeito das medidas a serem tomadas e explicações à população dos motivos pelos quais nenhuma dessas entidades havia a tomado ciência da falta de acessibilidade no local.