Os primeiros seis meses de 2022 foram especiais para Beatriz Haddad Maia. Aos 26 anos, a tenista brasileira vive um começo de temporada espetacular, que a alçou ao melhor posto de uma brasileira na história do ranking da WTA (#28) e a consolidou de vez como candidata, especialmente na temporada de grama.
O caminho da brasileira desde o surgimento como uma promessa do tênis brasileiro aos 18 anos, em 2014, até a consolidação em 2022, porém, foi muito acidentado. Da luta contra as lesões, até a suspensão por doping e a pandemia, Haddad Maia precisou ser resiliente para se encontrar e deslanchar.
Lesões e suspensão
Haddad Maia ganhou as atenções em 2010, quando aos 14 anos de idade disputava torneios na categoria dos 18 anos de juvenil. Mesmo enfrentando atletas mais velhas, ela já mostrava as qualidades que hoje a fazem brilhar nas quadras.
Três anos depois, aos 17, Bia já se dividia entre competições profissionais e juvenis quando sofreu duas lesões no ombro que a afastaram das quadras por quatro meses no total ao longo daquela temporada.
O problema no ombro passou a atormentar a brasileira, tirando ela inclusive da disputa do bronze nas duplas no Pan de Toronto, em 2015, quando era o principal nome da equipe feminina brasileira, e perdendo todo o final da temporada após passar por cirurgia no local.
Recuperada, acumulou títulos de torneios ITF na temporada seguinte, mas no fim do ano fraturou três vértebras em um acidente doméstico. Segundo relatos em uma rede social, “foi um tropeço bobo”.
O começo de 2019 foi positivo para a brasileira. No WTA 500 de Acapulco, venceu Sloane Stephens, à época número 4 do mundo, se tornando a primeira brasileira a vencer uma atleta tão bem ranqueada desde 1969. Porém, em julho sofreu suspensão preventiva por doping após exame flagrar dois anabolizantes sintéticos (o SARM S-22 e o SARM LGD-4033).
Bia provou no julgamento que se tratou da contaminação de um suplemento manipulado que usava. A punição ficou em apenas 10 meses, considerada branda para um caso de doping.
Inatividade e explosão
Liberada para voltar às quadras em maio de 2020, um novo problema surgiu para a brasileira: a pandemia da Covid-19. Todos os eventos estavam paralisados àquela altura do ano. O período longe das competições ultrapassou um ano, voltando apenas em setembro.
Beatriz retornou ao circuito tendo que lidar com uma queda de mais de 200 posições no ranking, da 95ª posição em agosto de 2019 para 358ª em novembro de 2020. A recuperação foi gradual. Participando de Challengers e ITF, a tenista subiu quase 300 posições, terminando 2021 como a 82ª do mundo.
O começo do ano já deu sinais de que 2022 seria diferente para Bia Haddad Maia. Ao lado de Anna Danilina, foi à final de duplas do Australian Open, ficando com o vice-campeonato. Meses depois, foi campeã do Challenger de Saint-Malo, no saibro, e garantiu vaga na chave principal de Roland Garros.
Mas foi na grama que o jogo da brasileira a colocou na elite. Em três torneios disputados no piso, foram dois títulos, os dois primeiros da carreira a nível profissional, nos WTA 250 de Nottingham e Birmingham, e uma semifinal no WTA 500 de Eastbourne.
O bom desempenho garantiu Bia com o melhor ranking da história para uma mulher brasileira, 28ª posição, e uma vaga como cabeça de chave em um grand slam, Wimbledon, pela primeira vez na carreira.
Depois de anos de batalha contra o próprio corpo e adversidades, Bia Haddad chega à Wimbledon em grande forma e cercada de expectativas, fazendo o torcedor brasileiro voltar a sonhar.
Fonte: Globo Esporte
Imagem: Revista Tênis-UOL