Anvisa anunciou, no último mês, os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para). Nesta edição, foram analisadas 3.294 amostras de alimentos, coletadas em 76 municípios. O programa avalia a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e o seu potencial de risco para a saúde humana. Confira os resultados e descubra como adotar práticas para consumir de forma mais segura.
Análises
As análises do programa são feitas em ciclos. De 2023 a 2025, a expectativa é analisar 36 alimentos que representam 80% dos alimentos de origem vegetal consumidos no Brasil, conforme levantamento do IBGE. Os resultados divulgados fazem parte do primeiro ano do Plano Plurianual, que vai de 2023 a 2025.
Nesta edição, em 2023, foram analisados : abacaxi, alface, alho, arroz, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Ao todo, as análises buscaram por resíduos de 338 diferentes agrotóxicos, incluindo produtos nunca autorizados ou substâncias já banidas no Brasil.
Participaram do programa o Distrito Federal, Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Resultados
O dado mais importante do relatório, do ponto de vista do consumidor, é o potencial de risco agudo (consumo do alimento em curto espaço de tempo) e de risco crônico (o consumo diário, por toda a vida), ou seja, o quanto os resíduos de agrotóxicos identificados podem ser perigosos para a nossa saúde.
Para avaliar o risco crônico, a Anvisa projeta cenários e faz o cálculo do consumo hipotético, considerando dados de consumo da população brasileira obtidos na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, o histórico de dados do programa de monitoramento e ainda o limite máximo de resíduos permitido, no caso dos alimentos não monitorados no período.
Risco agudo – consumo em 24h
- Foram identificadas 22 amostras, equivalentes a 0,67%, com potencial de risco ao consumidor.
- O abacaxi e a laranja foram as culturas com maior número de amostras com potencial de risco agudo – 7 e 6 amostras, respectivamente.
Risco crônico – consumo por toda a vida
- Não foi encontrada situação com potencial de risco crônico nas avaliações de 2023.
- Para avaliar o risco crônico, a Anvisa considera os dados atuais e o histórico de dados dos últimos 10 anos do programa.
- Isso significa que, para o cálculo do risco crônico, a Agência cruza os dados de resíduos encontrados com os dados de consumo da população, incluindo o perfil de alimentos processados feitos a partir de cada cultura.
- A avaliação do risco crônico considera o consumo diário de todos esses alimentos por toda a vida, incluindo aqueles com agrotóxicos aprovados, mas não monitorados no Para, como, por exemplo, a cana-de-açúcar, cujo consumo ocorre principalmente na forma de açúcar processado.
Uso no campo e presença de resíduos
O relatório também traz dados sobre a conformidade com o Limite Máximo de Resíduos (LMR) estabelecido pela Anvisa. Este é um dado que aponta se o uso do produto agrotóxico no campo gerou resíduos acima do estabelecido, se o agrotóxico foi aplicado em uma cultura para a qual não está autorizado ou ainda se houve aplicação de um produto não permitido no Brasil.
De acordo com a análise, 37% das amostras não continham qualquer resíduo de agrotóxico. Outras 36,9% tiveram resíduos detectados dentro do LMR. O restante das amostras (26,1%) tinham alguma não conformidade.
O relatório completo você pode conferir aqui: Relatório Anvisa.
Como realizar a limpeza adequada
Embora não seja possível remover totalmente todos os resíduos, alguns métodos ajudam a minimizar a exposição aos agrotóxicos. Aqui estão algumas dicas de como limpar os alimentos de forma segura:
- Lave com água corrente: Lave os alimentos frescos, como frutas, verduras e legumes, com água corrente, esfregando bem a casca e as partes externas. Isso ajuda a remover a maioria dos resíduos superficiais.
- Use uma escova para alimentos: Para frutas e legumes com casca mais grossa, como batatas, cenouras e pepinos, o uso de uma escova específica para alimentos pode ser útil para remover resíduos mais difíceis.
- Deixe de molho: Mergulhe os alimentos em uma solução de água com vinagre (uma colher de sopa de vinagre para cada litro de água) ou bicarbonato de sódio (uma colher de chá para cada litro de água) por 10 a 15 minutos. Esses ingredientes podem ajudar a dissolver e remover resíduos de pesticidas. Após o molho, enxágue bem os alimentos com água corrente.
- Descarte as cascas e folhas externas: Sempre que possível, retire a casca de frutas e legumes ou descarte as folhas externas de vegetais, como alface e couve, que podem concentrar mais resíduos.
- Use soluções comerciais: Existem produtos específicos no mercado para limpeza de alimentos, que prometem remover agrotóxicos. Se optar por usá-los, escolha os de marcas confiáveis e siga as instruções de uso corretamente.
- Preferir alimentos orgânicos: Sempre que possível, opte por produtos orgânicos.No entanto, ainda assim, é importante realizar a limpeza adequada, pois pode haver resíduos de outros tipos de contaminantes.
Essas práticas ajudam a reduzir a exposição aos resíduos de agrotóxicos, mas é importante lembrar que a limpeza não garante a eliminação total de substâncias químicas. Por isso, é fundamental que a Anvisa continue monitorando e divulgando os resultados dos testes de agrotóxicos nos alimentos, garantindo a transparência e a segurança alimentar para todos. Estou de olho para trazer a melhor informação sobre vida saudável para você e ajudar a fazer escolhas mais conscientes para o seu bem-estar. Te espero semana que vem com mais novidades e dicas para uma alimentação mais segura e equilibrada!