O renomado Publicitário João Angelo Aguila Diniz publicou um desabafo preocupante em suas redes sociais, e o Portal FNT, com anuência do autor, republica abaixo.
“Aconteceu nesta semana o Sicc, Salão Internacional do Couro e do Calçado na cidade de Gramado. Essa feira se tornou a feira de calçados mais importante do Brasil por vários fatores, principalmente o de vendas.
Na feira pude constatar um aumento de 40% de vendas em maio, nas lojas de calçados de todo o Brasil e do MERCOSUL.
O melhor maio em vendas desde 2018 e para muitos lojistas o melhor de todos os tempos.
Quem foi na feira vendeu muito! Os representantes e empresários retomaram o otimismo que é fundamental para o setor.
Mas isso é uma boa notícia para Franca?
Me chamou a atenção a “Capital do Calçado Masculino”, estar nesta feira com apenas 18 marcas de masculinos e nenhum stand coletivo para empresas menores. Polos calçadistas como Três Coroas e Rio Grande, levaram 40 empresas nos seus stands coletivos, com subsídio das prefeituras e do Sebrae, além das empresas de maior porte que foram por conta própria.
No Sicc foram mais de 260 empresas, mais de 300 marcas, de todo o Brasil que venderam muito e dessa vez nossa querida cidade, com apenas 18 marcas de calçado masculino, perdeu uma grande oportunidade de retomada.
Mas por que isso acontece?
Eu acredito que a ausência e o amadorismo do poder publico para com o setor calçadista contribui para esta triste realidade.
Hoje o maior problema no setor em Franca é a falta de mão de obra.
As empresas estão com muita dificuldade de contratar e isso contribui para o êxodo das empresas para o nordeste. Nossa cidade é um cluster, temos um dos melhores centros de design do mundo, Senai, ainda temos uma marca, mas não temos mão de obra. Várias empresas de Franca já produzem seus calçados no nordeste há muitos anos. Não falta emprego em Franca! Falta mão de obra. Há muitas vagas que não são preenchidas em Franca.
A figura do sapateiro ou do Artesão Calçadista está em extinção. Démodé. Não existe uma campanha para valorizar esta linda profissão. Não existe um Museu do Calçado. Não existe um pórtico na entrada da cidade. Não existe nenhuma ação para o setor de calçados na cidade, nas lojas, no turismo e principalmente para quem compra sapato de Franca.
Quanto a cidade deixa de arrecadar com esse êxodo?
Quanto o comércio e a economia da cidade perdem com isso?
E as empresas?
Infelizmente os últimos prefeitos, vereadores e outras lideranças, não tem a mínima noção do setor, das respectivas dificuldades e do dano que isso causa para nossa cidade. Ignoram completamente a importância da Capital do Calçado Masculino, desconhecem o que já fomos e assistem de seus gabinetes a indústria definhar e a cidade perder esse segmento que já foi o número 1 na cidade. A indústria de Calçados.
O Que me diz Prefeito Alexandre?
O que me diz Vereador Marcelo Tidy?
O que me diz Deputado(a) eleitos por Franca?
Vocês já foram em uma loja de calçados?
Eu pago um galeto e um Tannat para vocês, com o maior prazer na próxima feira em Gramado, para vocês verem o tanto que são fracos, amadores e omissos para o segmento do setor calçadista.”
João Angelo Aguila Diniz
“Sapateiro” desde 1990